São Paulo, quinta, 11 de junho de 1998

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SUCESSÃO
Petista é homologado candidato e suspeita de "pressa" na privatização
Governo venderá Telebrás para fazer "caixa 2', diz Lula

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local


O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, insinuou ontem a vinculação entre corrupção e a "pressa" do governo para vender as empresas do sistema Telebrás. "Possivelmente o governo quer fazer "caixa dois' para a campanha eleitoral", disse Lula.
José Dirceu, presidente do PT, abrira, antes da declaração de Lula, a suspeita sobre a lisura do processo de privatização das teles. "É bom olhar depois as doações para as campanhas eleitorais. Talvez assim seja possível entender tanta pressa para vender a Telebrás quando faltam apenas 110 dias para o final do governo", afirmou.
As críticas à privatização de estatais marcaram a convenção petista que homologou a chapa Lula e Leonel Brizola (PDT) para a eleição presidencial. Lula, Brizola e o senador Roberto Requião (PMDB-PR), que foi até a sede do PT para apoiar a chapa, afinaram o discurso contra as privatizações.
O mote foi a Telebrás. "O governo falava que iria vender as empresas por R$ 40 bilhões, depois foi para R$ 20 bilhões e agora parou em R$ 13 bilhões. Se continuar assim, vão pagar a quem ficar com a Telebrás", afirmou Lula.
O candidato petista disse que a privatização da Telebrás é "absurda". Brizola classificou como "jogo sujo de interesses de um governo em final de mandato" a privatização da Telebrás.
O companheiro de chapa de Lula fez uma advertência que soou como ameaça aos grupos empresariais interessados em adquirir empresas do sistema de telecomunicações: "Investidores estrangeiros e nacionais, se existirem, não devem se meter nisso. Cuidado, mesmo que Fernando Henrique Cardoso consiga levar adiante essa ignomínia", declarou Brizola.
A frase do pedetista sugere que a frente de partidos de esquerda que sustenta a candidatura Lula pensa, se ganhar a eleição, em rever a provável privatização da Telebrás.
Até agora, Lula só admite rever, obviamente se for eleito, a privatização da Vale do Rio Doce. Sobre as demais estatais que já passaram para o controle privado limita-se a propor uma genérica "auditoria" para investigar os processos.
Lula, mais uma vez, foi evasivo ao falar sobre possíveis itens de seu programa de governo. A "quarentena" para o capital estrangeiro não deve causar espanto, de acordo com o candidato, que no entanto não quis se comprometer de vez com a tese.
A "quarentena" seria um prazo mínimo exigido para a permanência no país de capital externo aqui investido. "A quarentena já estava no programa do PT para a eleição de 94, mas agora o programa será feito em conjunto com outros partidos", disse Lula.




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