São Paulo, quinta, 11 de junho de 1998

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SUCESSÃO
Para economista ligado ao PT, quarentena para capital estrangeiro não funcionaria na atual conjuntura
Ameaça petista não preocupa interessados

e da Sucursal do Rio


A ameaça de interrupção da privatização do sistema Telebrás caso o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva chegue à Presidência não preocupa os empresários interessados no setor.
Para o presidente da Teldim, Antonio Carlos Rego Gil, o risco é pequeno e não deve afugentar os investidores estrangeiros.
Segundo ele, os investidores estão acostumados a avaliar riscos no mundo inteiro.
A alteração do processo ou a reversão da privatização dependeria de um ato de força de um eventual governo petista, em sua opinião. Caso contrário, seria preciso uma emenda constitucional e aprovação no Congresso Nacional.
Para Heitor Vita, diretor de Telecomunicações do grupo Inepar, a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso não é mais uma certeza. O anúncio da intenção petista de não aceitar o processo de privatização seria um complicador.

Quarentena
A imposição de um regime de quarentena para capitais estrangeiros especulativos aplicados no país, um dos possíveis pontos do programa de governo do PT, pode não surtir o efeito esperado.
A quarentena, que prevê um prazo mínimo de permanência no país dos investimentos especulativos, tem por intenção tornar o país menos dependente do capital estrangeiro de curto prazo.
Na opinião do diretor do Departamento de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Boris Tabacof, a imposição de uma regime de quarentena para capitais especulativos não é suficiente para deixar o país menos dependente desses recursos de curto prazo.
Segundo ele, a tendência é de o país continuar a apresentar déficit nas transações externas, que precisa ser coberto com investimentos estrangeiros.

Conjuntura
"O problema é que o governo FHC já colocou o país em posição de dependência dos fluxos de curto prazo", avalia o economista Paulo Nogueira Batista Jr., da Fundação Getúlio Vargas e ligado ao PT.
Segundo ele, o controle sobre capitais especulativos é um boa idéia e tem recebido apoio de analistas, mas deveria ter sido implantado no Brasil logo após o lançamento do Plano Real.
"A quarentena para capitais especulativos é válida para conjunturas diferentes da atual", completou o economista.



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