São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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ELEIÇÕES 2004/RECURSOS

Políticos de partidos pequenos informaram à Justiça que podem gastar até R$ 8 milhões, mais que o valor declarado por Maluf

Candidatos "nanicos" de SP sonham com campanha milionária

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles são os azarões. Querem chegar à Prefeitura de São Paulo, mas são pouco conhecidos, pertencem a partidos considerados nanicos, ainda não pontuaram nas pesquisas de intenção de voto e vão ter pouquíssimo tempo na TV. Mesmo assim, já informaram à Justiça Eleitoral que suas campanhas podem ser milionárias.
Dentre os pequenos, o que pensa mais alto é Penna (PV). Ao registrar sua candidatura a prefeito, ele declarou que sua campanha pode custar R$ 8 milhões.
A previsão oficial do candidato do PV é maior que a feita pelo ex-prefeito Paulo Maluf (PP), que aparece em segundo lugar nas pesquisas e declarou R$ 5 milhões como o valor máximo de sua campanha.
Todos os candidatos precisam informar à Justiça uma estimativa de quanto podem gastar. Passada a eleição, devem fazer uma prestação de contas. Se o valor declarado for ultrapassado, de acordo com a Lei Eleitoral, o candidato fica sujeito a pagar uma multa que pode chegar a dez vezes a quantia em excesso.
É por essa razão que Penna admite ter superestimado -e muito- seus gastos na disputa pela Prefeitura de São Paulo.
A conta do PV para a campanha ainda está no zero. Enquanto corre atrás de alguém disposto a emprestar uma sala para montar seu comitê, Penna acredita que as coisas podem mudar:
"Vai que a minha candidatura deslanche e o dinheiro comece a aparecer... Não quero ter problemas lá na frente".
O mesmo fez Ciro Moura (PTC), cuja previsão de gastos declarada foi de R$ 3 milhões. Na prática, espera gastar R$ 300 mil. O candidato Osmar Lins (PAN) declarou R$ 1 milhão.
João Manuel Baptista (PSDC) é o mais otimista. Acredita que vai gastar os R$ 5 milhões que informou em seu registro de candidatura no TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo).
"A nossa intenção é fazer uma campanha grande para chegar lá, com um programa de TV curto, mas bem-feitinho, e muitos carros de som nas ruas."
Outros candidatos pequenos fizeram previsões modestas, como José Walter Canoas (PCB), com R$ 20 mil, Dirceu Travesso (PSTU), com R$ 30 mil, e Anaí Caproni (PCO), com R$ 50 mil.
Sem contar as campanhas dos candidatos a vereador, a disputa pela Prefeitura de São Paulo pode custar oficialmente R$ 82,1 milhões. Os que mais podem gastar são José Serra (PMDB), Marta Suplicy (PT) e Luiza Erundina (PSB), com R$ 15 milhões cada um. Logo depois vem Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT), com R$ 12 milhões.

Patrimônio
Ao contrário dos R$ 3 milhões que informou ao TRE-SP, Ciro Moura não acredita que seja difícil alcançar os R$ 300 mil que espera arrecadar na prática para sua campanha.
"Temos os nossos filiados, que vão colaborar. Além disso, somos uma coligação com quase cem candidatos a vereador", diz ele. "Mas, se for necessário, eu tenho condições de resolver isso pessoalmente."
Tanta convicção tem motivo. O candidato do PTC, que é dono de uma empresa de consultoria, declarou possuir R$ 1,33 milhão, entre imóveis e aplicações financeiras. Teoricamente pode bancar sozinho toda a sua campanha.
Moura tem um patrimônio maior que o do ex-ministro José Serra (aproximadamente R$ 750 mil declarados à Justiça Eleitoral) e o da deputada federal Luiza Erundina (R$ 171 mil) juntos.
Entre os candidatos a prefeito de São Paulo, Ciro Moura perde em patrimônio apenas para o ex-prefeito Paulo Maluf e para a prefeita Marta Suplicy.
Maluf é o mais rico. Informou possuir quase R$ 39 milhões. Boa parte desse dinheiro, segundo sua declaração de renda, está numa conta do banco francês Crédit Agricole.
Depois vem Marta. A prefeita declarou ter R$ 5,5 milhões.
Na outra ponta, está Anaí Caproni. Funcionária dos Correios, a candidata declarou que não existe nenhuma propriedade em seu nome.
Um carro de R$ 6.000 foi o único bem declarado por Penna, que é músico. O professor universitário José Walter Canoas diz também só ter um automóvel, avaliado em R$ 14 mil.


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