São Paulo, domingo, 11 de julho de 2004

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Ex-guerrilheiros estão à frente da campanha do PSB

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL

O comando da campanha de Luiza Erundina (PSB) em São Paulo ficará a cargo de dois ex-guerrilheiros, um na coordenação política, outro na comunicação.
Além do jornalista Ivan Seixas, que nos anos 60 militou no MRT (Movimento Revolucionário Tiradentes), Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz será o coordenador-geral da campanha da atual deputada do PSB.
Coelho da Paz fez parte da ALN (Ação Libertadora Nacional), criada por Carlos Marighela, morto em 69, em São Paulo. O ex-guerrilheiro está na capital paulista desde fevereiro e foi peça-chave na negociação que resultou na aliança do PSB com o PMDB de Orestes Quércia.
Filiado ao PSB de Miguel Arraes há quatro anos, Coelho da Paz, logo após abandonar o país durante a ditadura, passou dez meses exilado em Cuba e oito anos em Paris. Na volta ao Brasil, tomou o Rio de Janeiro como base e chegou a ter cargo no governo de Anthony Garotinho, hoje no PMDB.
Ele, junto de Seixas, é um dos artífices da proposta socialista de tocar uma candidatura sem a figura do "marqueteiro", já quase tradicional nas campanhas atuais.
Os dois não citam diretamente Duda Mendonça, responsável pela campanha vitoriosa de Lula em 2002, mas são radicais ao recusar os métodos do "ministro da comunicação" do presidente.
"Hoje há uma tendência de os marqueteiros transformarem os candidatos em sabonete. Não vamos fazer isso com a Luiza Erundina, ela não se encaixa nesse perfil", afirma Coelho da Paz.
Seixas vai no mesmo diapasão. "Essa figura do marqueteiro é algo que pretendemos abolir da campanha", diz ele, que foi preso junto com o pai, o operário Joaquim Seixas, pelas forças da repressão nos anos 60.
Codinome Roque, Seixas pai acabaria morto durante a ditadura militar (1964-1985).
Na ALN, durante os "anos de chumbo", Coelho da Paz era conhecido como Clemente e se envolveu em um episódio no mínimo controverso, a morte do militante Márcio Leite de Toledo, em 1971, em São Paulo. Ele foi "justiçado" pelos companheiros, que temiam pela segurança da organização caso ele fosse preso.


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