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SUCESSÃO
Campanha de FHC vai utilizar mudança feita no programa petista em relação à estabilidade da moeda
Tucanos exploram esquecimento de Lula
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
A equipe de
campanha do
presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu explorar
ao máximo um
esquecimento
do candidato PT, Luiz Inácio Lula
da Silva, a respeito da estabilidade
da moeda.
O petista será retratado como alguém que não tem compromisso
com o real. Camisetas e cartazes
devem ser produzidos, segundo a
Folha apurou, com inscrições que
acentuem essa idéia.
A estratégia dos tucanos tem origem na carta-compromisso de Lula. Com 13 pontos, o documento
foi divulgado pelo petista no dia
de seu primeiro comício nesta
campanha, realizado em Brasília
na última segunda-feira, dia 6.
A primeira versão da carta-compromisso, veiculada pela Internet,
não continha menção ao real.
Durante o comício do dia 6, enquanto ouvia seus aliados discursarem, Lula fez uma revisão dos
seus compromissos. E percebeu
dois problemas: a falta da menção
explícita sobre o real e uma indesejada coincidência entre o seu
slogan para educação e o já usado
pelo governo FHC.
Ao lado do governador do Distrito Federal, o petista Cristovam
Buarque, Lula manuscreveu dois
adendos à carta-compromisso.
Antes de lê-la, avisou o público
sobre as alterações. Em seguida, a
nova versão apareceu na Internet,
com 14 e não 13 pontos. O texto
atual pode ser encontrado no site
do PT na Internet: www.pt.org.br.
Embora tenha sido mencionado
na nova versão da carta-compromisso, o real não mereceu um
ponto exclusivo.
A moeda brasileira foi incluída
ao final do último ponto, no qual
Lula se compromete a fazer do
Brasil "uma nação socialmente
justa, segura, digna, soberana".
Em seguida, o candidato do PT
abriu um parágrafo e escreveu:
"No meu governo, vou garantir a
estabilidade monetária, mas também a estabilidade econômica e
social". Ao ler o texto, acabou incluindo a expressão "não apenas"
antes de '"a estabilidade monetária". Essa ressalva não aparece no
texto disponível na Internet.
O compromisso extra, que fez
subir de 13 para 14 pontos o número de itens da carta de Lula, se
refere à educação.
Na versão inicial, o petista prometia "transformar em realidade
o sonho de não deixar mais nenhuma criança fora da escola".
Na última hora, Lula percebeu
que a expressão de seu documento
se assemelhava demais ao slogan
usado por FHC no ano passado a
respeito de educação fundamental: "Toda criança na escola".
Além disso, Lula notou que essa
menção sobre educação estava
apenas compartilhando um de
seus compromissos a respeito da
fome e analfabetismo.
O candidato acabou excluindo a
educação desse ponto e transformou-a em um compromisso à
parte. Prometeu, se eleito, '"a todas as crianças do Brasil um lugar
assegurado em uma escola com
qualidade".
Para o comando da campanha
de FHC, o fato de Lula ter chegado
a divulgar uma carta-compromisso sem menção explícita ao real
revelaria um ato falho do petista.
O ato falho é uma expressão usada em psicanálise. É o nome que se
dá a atitudes espontâneas na qual
o indivíduo revelaria sua verdadeira personalidade e intenções.
Para explorar esse aspecto, pessoas que cuidam do marketing de
FHC nesta campanha já providenciaram cópias das duas versões da
carta-compromisso de Lula
-com e sem a defesa do real.
Nesta semana, os dois documentos circularam pelas mãos dos
principais coordenadores da campanha tucana.
Na avaliação da equipe de FHC,
está mais fácil agora associar a
imagem de Lula à expressão
"marcha a ré" presente em um
dos slogans de FHC ("marcha a
ré, não").
Um dos comerciais de TV do tucano mostrará o câmbio de um
automóvel. Aparecerão quatro
marchas à frente: FHC1, FHC2,
FHC3, FHC4. E apenas uma a ré,
ilustrada pela estrela do PT.
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