São Paulo, sábado, 11 de julho de 1998

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PRIVATIZAÇÃO

Valor equivale a 51% da empresa


Ceterp vai a leilão por R$ 200 milhões

LUCIANA FINAZZI
da Folha Ribeirão

A Ceterp S/A (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto) vai a leilão no próximo dia 27 em São Paulo com um valor mínimo para venda fixado em R$ 200.009.111.
O valor foi divulgado ontem pelo prefeito Luiz Roberto Jábali (PSDB) e corresponde ao total de 51% das ações da empresa que estão em poder da Prefeitura de Ribeirão (319 km de São Paulo).
Pelo preço mínimo, o lote de mil ações corresponde a R$ 19,15. Serão colocados à venda 10.444.340.000 ações da prefeitura no mercado financeiro.
Para o diretor financeiro da empresa de consultoria Máxima, Oscar Salomão, que foi contratada para fazer o edital da telefônica, o ágio da venda no leilão deve ser superior a 10%. Jábali não quis fazer uma estimativa sobre o ágio.
De acordo com ele, o prazo de pagamento para o investidor será semelhante ao concedido pela Telebrás, ou seja, 40% do valor à vista, 30% em 12 meses e os outros 30% divididos em dois anos.
Os juros serão de 12% ao ano, mais a variação do IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna)/FGV.
Segundo o edital, o leilão será feito com a apresentação de envelopes fechados. No entanto, caso o preço dos investidores apresentem diferenciação menor que 10%, prosseguirá em viva-voz.
Segundo Jábali, o pagamento da Ceterp será a longo prazo. "Pretendia colocar um prazo menor, mas, com o vencimento abaixo de um ano, não poderia cobrar juros, o que daria prejuízo à prefeitura", disse.
Pela lei de privatizações, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) pode financiar 25% do preço de venda ao comprador da Ceterp.

Negociação
O prefeito esteve reunido na sala da presidência da Ceterp ontem à tarde por cerca de cinco horas com o presidente da telefônica, Ruy Salgado Ribeiro, o secretário dos Negócios Jurídicos, Hilton de Araújo, e um advogado para determinar o preço mínimo e elaborar o edital de privatização.
O edital, que deveria ter sido divulgado às 16h, teve um atraso de 1 hora e 40 minutos.
A Ceterp deverá ir a leilão sob ameaça de uma batalha judicial. Na última quarta-feira, uma liminar suspendeu um acordo entre o ex-prefeito Antônio Palocci (PT) e os fundos de ação Previ, Telos e Sistel -que detêm 46% dos papéis da empresa-, que garantia a venda no mesmo lote das ações da prefeitura além da preferência na aquisição pelas fundações.
A venda da Ceterp deve se transformar em munição para a disputa eleitoral entre PT e PSDB e reviver o confronto entre os dois partidos nas eleições de 96 em Ribeirão.
Como as duas legendas serão responsáveis pela privatização de 100% da telefônica, os dois partidos já incluíram em suas estratégias de campanha a discussão sobre a venda da empresa.



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