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ECONOMIA REGIONAL
Produção da soja aumentou 1.526,55% em dez anos; área é considerada "novo Eldorado"
Balsas é região que mais cresce no MA
da enviada especial a Balsas (MA)
Quando desembarcou em Balsas, no sul do Maranhão, em 1974,
o holandês Philipsen Leonardus
não imaginava quanto aquela região longínqua e despovoada mudaria em 25 anos. "Não havia nada aqui. Não tinha trator, caminhão, estradas. As pessoas não sabiam trabalhar. Só falavam de futebol, mulher, bebida e festa",
lembra Leonardus, 76, hoje naturalizado brasileiro.
Ele deixou o sul do Brasil e partiu para Balsas em busca de terras
baratas para comprar. Encontrou. No Rio Grande do Sul, arrendava 400 hectares. Atualmente, em Balsas, uma área de cerrado
em pleno Maranhão, ele possui
cinco mil hectares, sendo que em
1.200 planta arroz e soja.
Balsas é uma das regiões que
mais crescem no Maranhão e no
Nordeste. O desenvolvimento está chegando impulsionado pelo
aumento da produção de soja.
Na safra de 88/89 a área plantada de soja era de 22.850 hectares.
Na última, de 98/99, foi de 204
mil, um crescimento nesse período de 792.77%. O incremento da
produtividade foi ainda maior.
Em 88/89, a produção foi de
33.863 toneladas. Na última safra,
de 550 mil toneladas, um aumento de 1.526,55%.
O cenário descrito por Leonardus ficou distante. Hoje, a agricultura praticada em Balsas é totalmente mecanizada, os produtores
estão sempre de olho no computador acompanhando o "sobe-e-desce" dos preços da soja na Bolsa
de Mercadorias de Chicago, o comércio de tratores e insumos agrícolas cresce a cada ano. Grandes
empresas de comercialização de
grãos, como a Ceval e a Cargill, se
instalaram na cidade, que tem
atualmente 51 mil habitantes.
Cerca de 90% da produção de
soja é exportada e Balsas já é considerada pelos produtores rurais
como o "novo Eldorado brasileiro". Os produtos seguem de Balsas até Imperatriz de caminhão,
num percurso de 400 km, de lá
vão pela ferrovia Norte-Sul até o
porto de São Luís.
Em janeiro, com a inauguração
de um novo trecho da ferrovia, ligando Estreito a Imperatriz, o caminho feito pela estrada ficará
mais curto, e o custo do transporte, mais barato.
Para alguns trabalhadores rurais, a vida melhorou. Os que sabem lidar com as máquinas agrícolas passaram a ganhar entre
dois e três salários mínimos. Antes, recebiam um mínimo.
No rastro do desenvolvimento
agrícola, outras atividades ganharam impulso. O maranhense de
Imperatriz, Wilson Mateus, começou a viajar para Balsas em
1983 para vender refrigerantes.
Hoje, tem um supermercado e
um armazém atacadista, empregando 600 pessoas. Seu faturamento é de R$ 3 milhões por mês.
(PATRÍCIA ANDRADE)
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