São Paulo, Domingo, 11 de Julho de 1999
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Projeto no cerrado atrai "forasteiros"

Otávio Dias de Oliveira/Folha Imagem
O paranaense Degger, que planta soja, milho, arroz e feijão


da enviada especial a Balsas

Balsas é um lugar de "forasteiros". Gente de todos os pontos do Brasil vem ocupando a região desde a década de 80. Mas a migração se intensificou há seis anos, quando a soja começou a ser exportada.
Mais ou menos nesse período, foi implantado um projeto de desenvolvimento do cerrado, numa área a 200 km da cidade de Balsas.
Com 60% dos recursos vindos do governo japonês, 30% financiados pelo Brasil e 10% pelos agricultores, o Prodecer (Programa de Desenvolvimento do Cerrado) ocupa 40 mil hectares, sendo 20 mil de plantio de grãos e os outros 20 mil de reserva.
Vivem na região 40 colonos. Cada agricultor adquiriu, com financiamento de 15 anos, 976 hectares. A maioria dos colonos é oriunda do Paraná, mas há também agricultores de Minas, São Paulo e Mato Grosso. A área tem escola, posto de saúde e até duas igrejas: uma evangélica e uma da Assembléia de Deus.
Moram na região do Prodecer, entre colonos e seus familiares, cerca de 1.500 pessoas. O paranaense Germano Degger, 45, diz que seus filhos sentem um pouco de falta da vida no Sul. Mas a mudança, para ele, era necessária. No Paraná, Degger arrendava uma terra. Agora, em Balsas, tem 976 hectares, onde planta soja, milho, arroz e feijão.
Segundo o gerente de desenvolvimento de Balsas, Valdemar Costa, ocorreram na região três modelos de colonização. A informal, realizada por agricultores que foram chegando e se estabelecendo. A institucionalizada, cujo principal exemplo é o Prodecer, e a feita por grandes produtores e empresas, que hoje possuem extensas propriedades.
A família gaúcha Sandri se encaixa no exemplo de "colonização informal". Em 1977, quatro irmãos saíram do Sul, onde dividiam 81 hectares, e foram para Balsas. Compraram terras aos poucos. Atualmente, vivem com suas mulheres, filhos e netos em 8 mil hectares. "Estamos tão habituados com a vida aqui que até achamos os costumes gaúchos esquisitos", brinca Antídio Paschoal Sandri, 55.


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