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Por decisão de Lula, aposentadoria das Forças só será discutida após aprovação da proposta para servidores civis
Previdência dos militares só muda em 2004
JULIANNA SOFIA
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mudança nas regras de Previdência dos militares deverá ficar
para o ano que vem por determinação do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
A intenção é enviar ao Congresso o projeto de lei ordinária com o
novo sistema previdenciário das
Forças Armadas somente depois
de concluída a reforma dos servidores públicos civis.
No início do ano, o governo tinha afirmado que a Previdência
dos militares seria encaminhada
junto com as propostas de mudança para os servidores civis.
Esse era o objetivo do ministro
Ricardo Berzoini (Previdência
Social). A pressão dos comandos
militares, no entanto, colocou a
reforma das aposentadorias e
pensões das Forças Armadas em
banho-maria.
O Ministério da Defesa pressionou o Palácio do Planalto alegando que não seria uma boa estratégia para o governo misturar as
duas reformas. Além disso, os números de déficit no sistema previdenciário dos militares divulgados por Berzoini eram publicamente contestados pelo ministro
José Viegas (Defesa).
Cautela
"O presidente acha que é melhor tratar um assunto de cada
vez", disse Berzoini. "A reforma
dos militares pode ser enviada
após a aprovação da PEC 40 [reforma da Previdência]", acrescentou, evitando dar mais detalhes
sobre as mudanças.
Em uma previsão otimista, o
governo calcula que a reforma da
Previdência será promulgada em
novembro. A estratégia é enviar
em seguida ao Congresso as leis
para regulamentação das novas
regras previdenciárias dos civis e
aprová-las ainda neste ano.
O ministro Berzoini descarta a
possibilidade de a reforma dos
militares ser enviada em conjunto
com a regulamentação.
Novas regras
Estudos técnicos preparados
pelo Ministério da Previdência
sobre as mudanças dos militares
estão prontos e já foram repassados para a Defesa e a Casa Civil.
As principais alterações defendidas pela Previdência são três:
1) Fim das pensões vitalícias para as filhas de militares. Desde
2001, esse benefício deixou de valer para os militares que ingressaram na carreira. Para quem entrou na vida militar até 2000, no
entanto, o benefício continua
existindo. Trata-se de uma regra
de transição. A Previdência agora
quer eliminar a transição e extinguir de vez a concessão de pensão
vitalícia.
2) Fim da contagem de tempo
fictício para efeitos de aposentadoria. A Previdência alega que o
período de academia militar não
pode ser contado para efeitos de
aposentadoria porque os cadetes
não contribuem nessa fase da carreira. A saída é ou passar a contribuir na academia ou eliminar a
contagem de tempo fictício.
3) A Previdência quer elevar o
tempo de contribuição dos militares na ativa dos atuais 30 anos para 32 anos. O argumento é que os
civis (tanto servidores quanto trabalhadores da iniciativa privada)
contribuem por 35 anos para adquirir o direito à aposentadoria.
Como a carreira militar tem suas
especificidades, o tempo de contribuição na ativa continuaria
sendo menor.
Idas e vindas
Logo nos primeiros dias do governo Lula, Berzoini afirmou que
a reforma da Previdência criaria
regras iguais para todos os trabalhadores da iniciativa privada,
servidores públicos e até militares. A forte reação nas casernas
fez com que o governo recuasse e
anunciasse que os militares seriam tratados de forma diferente,
mas também seriam alvo das mudanças.
Inicialmente, a previsão era que
as duas reformas (de civis e militares) fossem enviadas juntas ao
Congresso. No final de abril, o governo encaminhou as mudanças
dos civis, afirmando que a proposta das Forças Armadas seria
enviada em breve.
Depois de pouco mais de três
meses, com a reforma da Previdência dos civis praticamente
aprovada em primeiro turno na
Câmara, o governo informa que
pretende dar andamento às mudanças dos militares somente depois da conclusão da proposta
dos civis.
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