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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO/REAÇÃO CATÓLICA
Documento que circulou na assembléia da CNBB diz que "pressão popular pode crescer na medida em que as apurações vierem à tona"
"Malas" podem gerar revolta social, diz Igreja
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA
Um documento de 13 páginas
elaborado pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz, órgão ligado à
Igreja Católica, afirma que "é
grande o risco de eclodir uma
crescente desestabilização social e
revolta popular diante das malas
de dinheiro".
O documento é datado deste
mês e teve redação de cinco padres -entre eles José Ernanne Pinheiro, da assessoria política da
CNBB (Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil)- e de pensadores de conselhos e comunidades
eclesiais de base.
O texto circulou ontem no segundo dia da 43ª Assembléia Geral da CNBB, em Indaiatuba (SP),
mas não teve divulgação oficial
por parte dos membros da entidade. O documento, intitulado "Crise política e urgente necessidade
de reformas", avalia que "a voz
das ruas pode e deve ganhar espaço depois de ver, nos espetáculo
televisivo, a quantas anda a ética
dos congressistas e daqueles que
os financiam".
A seguir, diz que "a pressão popular pode crescer na medida em
que as apurações da CPI dos Correios vierem à tona". Em outro
trecho, que é "urgente repensar o
país dos pés à cabeça".
Anteontem, um outro documento elaborado por uma comissão de religiosos ligados à CNBB
diz que "o PT entrou no jogo do
clientelismo e escorregou para a
corrupção, aliás, cometendo erros
infantis". Esse documento, lido
no plenário da assembléia, servirá
de base para que os bispos preparem uma declaração oficial sobre
a conjuntura do país.
Essa declaração, que irá refletir
a posição da entidade também
com relação à situação social e
econômica do Brasil deve ser
anunciada na próxima semana.
Imprensa
O arcebispo de Mariana (MG),
dom Luciano Pedro Mendes de
Almeida, 74, criticou ontem durante a cobertura da imprensa sobre a crise política.
Anteontem, a CNBB recebeu
uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual ele admite que a crise é "grave".
Para o arcebispo, há um "exagero" da imprensa ao expor pessoas
supostamente envolvidas em acusações de corrupção.
"A corrupção precisa ser combatida. Mas os jornais não podem
ocupar a maior parte de seu espaço somente com isso. Há muita
coisa ano país que também precisa ser discutida, como saúde, reforma agrária e a situação dos
idosos. Por que a imprensa não
cobra a situação da reforma agrária?", disse o arcebispo, que também é presidente da Comissão do
Mutirão para a Superação da Miséria e da Fome.
O arcebispo defendeu ainda a
definição de uma "pauta de plano
de emergência" para o país. Segundo ele, é preciso que haja uma
mobilização, executada por grupos de autoridades municipais e
estaduais, que mobilize a sociedade em torno de soluções de problemas estruturais da população
em áreas como a saúde, os transportes em a educação.
"É preciso começar por baixo a
participação do povo para ajudar
o governo federal, pelo menos no
prazo que resta a este governo. O
povo precisa deixar de ser apenas
espectador das ações governamentais e passar a ser ator."
Resposta a Lula
O presidente da CNBB, dom Geraldo Majella Agnelo, emitiu ontem uma nota oficial na qual afirma que irá responder a carta enviada pelo presidente Lula "nos
próximos dias".
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