São Paulo, quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CHANTAGEM POLÍTICA

Detento disse a petebista que o presidente estadual do PT havia encomendado sua morte; a petistas, afirmou que Jefferson ordenara assassinato

Preso tentou extorquir Jefferson e PT do Rio

JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO

Uma quadrilha, comandada por um detento de casa de custódia do Estado do Rio, tentou extorquir dinheiro do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) e do presidente do PT do Rio, Gilberto Palmares, ameaçando os dois de morte.
Gilberto Oliveira dos Santos, 38, usou um celular de dentro de sua cela na Casa de Custódia de Volta Redonda (129 km do Rio) para ameaçar os dois políticos. As tentativas de extorsão começaram no dia 2 de agosto passado.
De Jefferson, exigiu R$ 100 mil para revelar um inexistente plano para matá-lo, que teria como mentores Palmares e o ex-presidente do PT José Genoino. A Palmares, ele lançou o argumento de que foi contratado para matá-lo por Jefferson e que entregaria as provas se recebesse R$ 150 mil.
Duas unidades da Polícia Civil do Rio chegaram a Gilberto Oliveira dos Santos ao mesmo tempo. A Delegacia de Homicídios investigava a tentativa de extorsão a Palmares, enquanto a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) tratava da de Jefferson.
"Foi uma coincidência incrível. Eu falei com o Marcos Reimão (diretor da Core) que precisava de apoio para fazer uma busca na Casa de Custódia de Volta Redonda e ele me perguntou o porquê. Quando falei, ele revelou que havia também o caso do Jefferson. Trocamos informações e descobrimos que a origem das extorsões era a mesma", disse à Folha o delegado Carlos Henrique Machado, titular da Homicídios.
Ontem, policiais da Homicídios estiveram na casa de custódia e ouviram o depoimento de Santos. Ele confirmou as tentativas de extorsão. Foram feitas buscas em sua cela, mas o celular usado por ele não foi encontrado.
De acordo com escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, Santos usava dois chips em um mesmo aparelho. Um para falar com um assessor de Jefferson e o outro para conversar com Palmares.
Aos dois políticos, Santos disse que tinha provas das contratações de suas mortes, gravadas em fitas cassete e de vídeo e também fotografias dos encontros em que ele afirmava ter mantido com os mentores dos assassinatos.
A polícia acredita que o plano de Santos era outro. Uma mulher, ainda não identificada, aparece em um dos grampos falando que um adolescente seria usado para interceptar as entregas dos malotes com o dinheiro e assaltar os mensageiros de Jefferson e Palmares no momento da troca pelas fitas inexistentes.
"Não havia fita nenhuma. Ele não tem prova de nada. No momento do encontro com a mulher, os mensageiros não teriam o que receber e não dariam o dinheiro. Então, o adolescente entraria em ação e assaltaria os mensageiros", disse Carlos Henrique.
Santos apresentou-se aos políticos como sendo um ex-policial militar de nome Pompeu (leia texto ao lado). Ele afirmou que tinha contatos com policiais militares de São Paulo, que o procuraram no Rio para matar, com mais quatro cúmplices, tanto Jefferson como Palmares.
O detento, que tem apenas o ensino básico, segundo sua ficha de antecedentes criminais, responde a 18 inquéritos, dos quais quatro por tentativa de extorsão, dez por roubo, dois por uso de documentos falsos, um por furto e um por extorsão mediante explosão. Em uma das tentativas de extorsão, ameaçou detonar uma bomba em um shopping em Botafogo, zona sul, caso não recebesse dinheiro.
Ele também estava usando o celular, segundo a polícia, para praticar tentativas de extorsão a empresários de outros Estados.


Texto Anterior: Presidente da OAB defende Constituinte
Próximo Texto: Leia abaixo trecho em que preso tenta extorquir deputado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.