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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CHANTAGEM POLÍTICA
Detento disse a petebista que o presidente estadual do PT havia encomendado sua morte; a petistas, afirmou que Jefferson ordenara assassinato
Preso tentou extorquir Jefferson e PT do Rio
JOSÉ MESSIAS XAVIER
DA SUCURSAL DO RIO
Uma quadrilha, comandada por
um detento de casa de custódia do
Estado do Rio, tentou extorquir
dinheiro do deputado Roberto
Jefferson (PTB-RJ) e do presidente do PT do Rio, Gilberto Palmares, ameaçando os dois de morte.
Gilberto Oliveira dos Santos, 38,
usou um celular de dentro de sua
cela na Casa de Custódia de Volta
Redonda (129 km do Rio) para
ameaçar os dois políticos. As tentativas de extorsão começaram no
dia 2 de agosto passado.
De Jefferson, exigiu R$ 100 mil
para revelar um inexistente plano
para matá-lo, que teria como
mentores Palmares e o ex-presidente do PT José Genoino. A Palmares, ele lançou o argumento de
que foi contratado para matá-lo
por Jefferson e que entregaria as
provas se recebesse R$ 150 mil.
Duas unidades da Polícia Civil
do Rio chegaram a Gilberto Oliveira dos Santos ao mesmo tempo. A Delegacia de Homicídios investigava a tentativa de extorsão a
Palmares, enquanto a Core
(Coordenadoria de Recursos Especiais) tratava da de Jefferson.
"Foi uma coincidência incrível.
Eu falei com o Marcos Reimão
(diretor da Core) que precisava de
apoio para fazer uma busca na
Casa de Custódia de Volta Redonda e ele me perguntou o porquê.
Quando falei, ele revelou que havia também o caso do Jefferson.
Trocamos informações e descobrimos que a origem das extorsões era a mesma", disse à Folha o
delegado Carlos Henrique Machado, titular da Homicídios.
Ontem, policiais da Homicídios
estiveram na casa de custódia e
ouviram o depoimento de Santos.
Ele confirmou as tentativas de extorsão. Foram feitas buscas em
sua cela, mas o celular usado por
ele não foi encontrado.
De acordo com escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, Santos usava dois chips em um mesmo aparelho. Um para falar com
um assessor de Jefferson e o outro
para conversar com Palmares.
Aos dois políticos, Santos disse
que tinha provas das contratações
de suas mortes, gravadas em fitas
cassete e de vídeo e também fotografias dos encontros em que ele
afirmava ter mantido com os
mentores dos assassinatos.
A polícia acredita que o plano
de Santos era outro. Uma mulher,
ainda não identificada, aparece
em um dos grampos falando que
um adolescente seria usado para
interceptar as entregas dos malotes com o dinheiro e assaltar os
mensageiros de Jefferson e Palmares no momento da troca pelas
fitas inexistentes.
"Não havia fita nenhuma. Ele
não tem prova de nada. No momento do encontro com a mulher, os mensageiros não teriam o
que receber e não dariam o dinheiro. Então, o adolescente entraria em ação e assaltaria os mensageiros", disse Carlos Henrique.
Santos apresentou-se aos políticos como sendo um ex-policial
militar de nome Pompeu (leia
texto ao lado). Ele afirmou que tinha contatos com policiais militares de São Paulo, que o procuraram no Rio para matar, com mais
quatro cúmplices, tanto Jefferson
como Palmares.
O detento, que tem apenas o ensino básico, segundo sua ficha de
antecedentes criminais, responde
a 18 inquéritos, dos quais quatro
por tentativa de extorsão, dez por
roubo, dois por uso de documentos falsos, um por furto e um por
extorsão mediante explosão. Em
uma das tentativas de extorsão,
ameaçou detonar uma bomba em
um shopping em Botafogo, zona
sul, caso não recebesse dinheiro.
Ele também estava usando o celular, segundo a polícia, para praticar tentativas de extorsão a empresários de outros Estados.
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