São Paulo, quinta, 11 de setembro de 1997.



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ELEIÇÕES
Pedetista critica Ciro Gomes por "vínculos com o situacionismo"
Brizola defende chapa com Lula e admite sair como vice

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local


O presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, acha que só uma chapa presidencial que una seu nome ao de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assegura a unidade das esquerdas em 98.
"Só uma chapa com Lula e Brizola evita a divisão", afirmou Brizola ontem à Folha. O pedetista evitou, no início da entrevista, dizer quem encabeçaria a chapa para enfrentar o presidente Fernando Henrique Cardoso, mas depois se declarou disposto a ser o segundo na dobradinha.
"Não temos problemas em coadjuvar o Lula", disse. A proposta já foi feita ao petista, em encontro reservado entre os dois líderes há cerca de três semanas.
Brizola afirmou que Lula recebeu bem a idéia, mas o petista saiu do encontro surpreendido com a conversa, já que entendeu que no fundo o ex-governador queria era seu apoio para candidatar-se à Presidência da República.
Para Brizola, só a inclusão dele e de Lula numa chapa poderia contornar as históricas divergências entre os dois partidos. "São as lideranças que têm a capacidade de unir", avalia.
O ex-governador fluminense recorreu até a Golbery do Couto e Silva, um dos articuladores políticos do regime militar, para defender a chapa Lula-Brizola.
"A chapa enterraria de vez os planos de Golbery para dividir as forças populares", disse. Em passado recente, Brizola atribuía a criação do PT a uma manobra de Golbery para evitar a união da esquerda em torno de um projeto único, no caso, o do trabalhismo.
"O entendimento entre PDT e PT é ponto de partida para qualquer projeto para enfrentar Fernando Henrique", declarou Brizola. No cenário imaginado pelo pedetista, a dobradinha causaria temor entre tucanos.
A proposta de Brizola na prática põe o PT nas mãos do PDT para construir um palanque razoavelmente sólido para a sucessão presidencial.
O PT já trabalha com a quase certeza de que o PSB, um de seus tradicionais parceiros eleitorais, não vai bancar a eventual candidatura Lula. Com isso, só lhe sobra o PDT como alternativa para uma coligação, em termos de legendas com força eleitoral.
Brizola sabe disso e aproveitou para estocar a possível candidatura do ex-ministro Ciro Gomes à Presidência pelo PSB.
"A candidatura Ciro é um fato novo, mas ele precisa queimar os vínculos com o situacionismo para ser levado a sério", afirmou o ex-governador fluminense.
A possibilidade de o PSB filiar o ex-ministro para lançá-lo na sucessão também foi criticada por Brizola. "É muito complexo aceitar a inscrição num partido condicionando o fato a uma candidatura." Brizola e a cúpula do PT vão se encontrar sábado no Rio, durante feijoada organizada pela senadora Benedita da Silva (PT-RJ). Lula já confirmou presença.



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