São Paulo, terça-feira, 11 de setembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO


Senador diz que pensa em disputar governo do Pará


"Assim que acabar a minha licença, eu volto", diz Jader

ULISSES CAMPBEL
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA EM BELÉM

O senador Jader Barbalho (PMDB) disse ontem, em entrevista exclusiva à Agência Folha, que voltará a presidência do Senado na semana que vem, quando vence sua licença de 60 dias.
Jader descarta completamente a possibilidade de renunciar ao cargo e ao mandato de senador. O senador avaliou como "muito bom" o resultado da convenção nacional do PMDB e não descarta a possibilidade de o seu partido se coligar com o PSBD nas eleições presidenciais.

Agência Folha - O sr. diz que há uma trama orquestrada contra si. Essa suposta orquestração pode levá-lo a renunciar?
Jader -
Não. Isso não existe, meu filho. Eu dei prazo de 60 dias para que essas coisas fossem apuradas. O prazo da licença vem se esgotando e não se apura nada.

Agência Folha - Se essa suposta campanha levar à sua cassação, o sr. renuncia antes para concorrer em 2002?
Jader -
Não vai levar [à cassação" não. O Senado não é uma Casa de irresponsáveis. Assim que acabar a minha licença, eu volto.

Agência Folha - O sr. vai mesmo voltar à presidência do Senado?
Jader -
Vou, claro. Eu tenho um mandato eleito por maioria absoluta.

Agência Folha - O sr. não tem receio de uma reação negativa de seus pares? Já há rumores de que, se o sr. sentar-se na cadeira da presidência do Senado, os senadores vão esvaziar a Casa em protesto...
Jader -
Sei, certo [dá uma gargalhada". Acho até graça disso. A palhaçada chegou a um ponto jamais visto.

Agência Folha - O sr. acha que a sua imagem de político está arranhada no Pará?
Jader -
Não está arranhada coisíssima nenhuma. É só fazer qualquer pesquisa de opinião pública que eu estarei liderando.

Agência Folha - Quais as suas pretensões políticas para 2002?
Jader -
Estou pensando em me candidatar a governador do Pará. Mesmo com todo esse desgaste orquestrado e com toda essa campanha fabricada, a política do Pará ainda depende de mim.

Agência Folha - O sr. disse outro dia que se for punido por algo que foi feito antes do seu mandato outros senadores deverão ser punidos também. É isso mesmo?
Jader
- Infelizmente, isso foi publicado, mas eu não disse assim dessa forma. O que eu levantei foi a tese de que o decoro parlamentar é pelo exercício do mandato parlamentar. Só isso que eu disse. Não é possível investigar a gestão de companheiros do Senado pelos exercícios de mandatos anteriores, de toda uma vida pública. Ainda mais na palhaçada do caso Banpará, onde há documentos que me excluem de qualquer responsabilidade.

Agência Folha - O sr. foi beneficiado com os desvios no Banpará?
Jader
- Claro que não. Isso é uma palhaçada absurda e que não tem tamanho. As pessoas querem iludir a opinião pública e vão buscar a palhaçada de 17 anos atrás.

Agência Folha - Mas o sr. reconhece que houve desvio no banco?
Jader
- Não reconheço nada. Até porque se tivesse havido desvio no banco deveria estar registrado no Banco Central e no balanço do Banpará, em auditoria externa e no Ministério Público. E não há qualquer registro.

Agência Folha - Como o senhor avalia o resultado da convenção nacional do PMDB ocorrida domingo em Brasília?
Jader
- A minha avaliação é positiva. Acho que o PMDB está entregue a uma figura de valor intelectual e político dos mais credenciados, que é o Michel Temer. Apesar da disputa, o partido saiu inteiro do episódio. E não tenho a menor dúvida de que o PMDB terá candidato próprio nas eleições do ano que vem e com grandes chances de vitória.

Agência Folha - Quais os nomes do PMDB que o sr. defende para a Presidência da República?
Jader
- O PMDB tem vários nomes fortes. O governador de Minas [Itamar Franco", os senadores Pedro Simon e José Sarney e o governador de Pernambuco [Jarbas Vasconcelos".

Agência Folha - O sr. tem preferência por algum deles?
Jader
- Não. Quero que o PMDB saia com um nome forte.






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