Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SUCESSÃO NO ESCURO
Senador diz que pensa em disputar governo do Pará
"Assim que acabar a minha licença, eu volto", diz Jader
ULISSES CAMPBEL
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA EM BELÉM
O senador Jader Barbalho
(PMDB) disse ontem, em entrevista exclusiva à Agência Folha,
que voltará a presidência do Senado na semana que vem, quando
vence sua licença de 60 dias.
Jader descarta completamente a
possibilidade de renunciar ao cargo e ao mandato de senador. O senador avaliou como "muito bom"
o resultado da convenção nacional do PMDB e não descarta a
possibilidade de o seu partido se
coligar com o PSBD nas eleições
presidenciais.
Agência Folha - O sr. diz que há
uma trama orquestrada contra si.
Essa suposta orquestração pode levá-lo a renunciar?
Jader - Não. Isso não existe, meu
filho. Eu dei prazo de 60 dias para
que essas coisas fossem apuradas.
O prazo da licença vem se esgotando e não se apura nada.
Agência Folha - Se essa suposta
campanha levar à sua cassação, o
sr. renuncia antes para concorrer
em 2002?
Jader - Não vai levar [à cassação"
não. O Senado não é uma Casa de
irresponsáveis. Assim que acabar
a minha licença, eu volto.
Agência Folha - O sr. vai mesmo
voltar à presidência do Senado?
Jader - Vou, claro. Eu tenho um
mandato eleito por maioria absoluta.
Agência Folha - O sr. não tem receio de uma reação negativa de
seus pares? Já há rumores de que,
se o sr. sentar-se na cadeira da presidência do Senado, os senadores
vão esvaziar a Casa em protesto...
Jader - Sei, certo [dá uma gargalhada". Acho até graça disso. A
palhaçada chegou a um ponto jamais visto.
Agência Folha - O sr. acha que a
sua imagem de político está arranhada no Pará?
Jader - Não está arranhada coisíssima nenhuma. É só fazer qualquer pesquisa de opinião pública
que eu estarei liderando.
Agência Folha - Quais as suas pretensões políticas para 2002?
Jader - Estou pensando em me
candidatar a governador do Pará.
Mesmo com todo esse desgaste
orquestrado e com toda essa campanha fabricada, a política do Pará ainda depende de mim.
Agência Folha - O sr. disse outro
dia que se for punido por algo que
foi feito antes do seu mandato outros senadores deverão ser punidos também. É isso mesmo?
Jader - Infelizmente, isso foi publicado, mas eu não disse assim
dessa forma. O que eu levantei foi
a tese de que o decoro parlamentar é pelo exercício do mandato
parlamentar. Só isso que eu disse.
Não é possível investigar a gestão
de companheiros do Senado pelos exercícios de mandatos anteriores, de toda uma vida pública.
Ainda mais na palhaçada do caso
Banpará, onde há documentos
que me excluem de qualquer responsabilidade.
Agência Folha - O sr. foi beneficiado com os desvios no Banpará?
Jader - Claro que não. Isso é
uma palhaçada absurda e que não
tem tamanho. As pessoas querem
iludir a opinião pública e vão buscar a palhaçada de 17 anos atrás.
Agência Folha - Mas o sr. reconhece que houve desvio no banco?
Jader - Não reconheço nada. Até
porque se tivesse havido desvio
no banco deveria estar registrado
no Banco Central e no balanço do
Banpará, em auditoria externa e
no Ministério Público. E não há
qualquer registro.
Agência Folha - Como o senhor
avalia o resultado da convenção
nacional do PMDB ocorrida domingo em Brasília?
Jader - A minha avaliação é positiva. Acho que o PMDB está entregue a uma figura de valor intelectual e político dos mais credenciados, que é o Michel Temer.
Apesar da disputa, o partido saiu
inteiro do episódio. E não tenho a
menor dúvida de que o PMDB terá candidato próprio nas eleições
do ano que vem e com grandes
chances de vitória.
Agência Folha - Quais os nomes
do PMDB que o sr. defende para a
Presidência da República?
Jader - O PMDB tem vários nomes fortes. O governador de Minas [Itamar Franco", os senadores
Pedro Simon e José Sarney e o governador de Pernambuco [Jarbas
Vasconcelos".
Agência Folha - O sr. tem preferência por algum deles?
Jader - Não. Quero que o PMDB
saia com um nome forte.
Texto Anterior: PMDB articula substituir senador Próximo Texto: Grafite Índice
|