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FHC faz referência à coligação que o apóia
DO ENVIADO A AMSTERDÃ
O presidente Fernando Henrique Cardoso acha "estranha" a
coligação que o apóia, formada
por sociais-democratas e liberais.
É a única conclusão cabível
quando se sabe que ele usou esse
qualificativo para se referir à coligação que sustenta o governo do
primeiro-ministro holandês,
Wim Kok, também formada por
sociais-democratas e liberais.
O presidente poderia ter estendido a comparação, porque tanto
a sua própria coligação como a
que apóia Kok é formada por
mais partidos. No caso holandês,
pela Democracia-66, um grupo
intermediário entre os liberais e
os sociais-democratas, nascido da
efervescência dos anos 60 (daí o
nome).
Mas há algumas diferenças importantes entre as coligações governistas do Brasil e da Holanda e
entre os homens que elas apóiam.
1 - Na Holanda, a oposição é formada pela democracia-cristã, que
governou o país a maior parte do
tempo e, na Europa, é geralmente
tida como de direita.
No Brasil, a oposição a FHC é
rotulada como de esquerda.
2 - Kok, ao contrário de FHC,
tem origem no sindicalismo. Chegou a ser dirigente do equivalente
holandês da CUT (Central Única
de Trabalhadores).
O comentário de FHC não foi o
único momento em que ele falou
monossilabicamente de política.
Questionado sobre como reagia
à entrevista do presidenciável Ciro Gomes ao jornal "Valor", em
que classificou FHC de traidor do
Plano Real, o presidente disse
apenas: "Eu rio".
Depois, quando os jornalistas
quiseram saber que candidato à
eleição norte-americana ele preferia, respondeu: "Eu por enquanto
não apóio nenhum candidato
nem no Brasil, quanto mais nos
Estados Unidos".
Em todo o caso, lembrou que Al
Gore, o candidato democrata, "é
mais ligado a certas questões sensíveis, como ambiente e condições de trabalho".
O governo brasileiro critica
sempre a pretensão norte-americana de incluir, em acordos comerciais, regras de respeito ao
ambiente e às condições trabalhistas.
(CLÓVIS ROSSI)
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