São Paulo, quarta-feira, 11 de outubro de 2000

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FHC faz referência à coligação que o apóia

DO ENVIADO A AMSTERDÃ

O presidente Fernando Henrique Cardoso acha "estranha" a coligação que o apóia, formada por sociais-democratas e liberais.
É a única conclusão cabível quando se sabe que ele usou esse qualificativo para se referir à coligação que sustenta o governo do primeiro-ministro holandês, Wim Kok, também formada por sociais-democratas e liberais.
O presidente poderia ter estendido a comparação, porque tanto a sua própria coligação como a que apóia Kok é formada por mais partidos. No caso holandês, pela Democracia-66, um grupo intermediário entre os liberais e os sociais-democratas, nascido da efervescência dos anos 60 (daí o nome).
Mas há algumas diferenças importantes entre as coligações governistas do Brasil e da Holanda e entre os homens que elas apóiam.
1 - Na Holanda, a oposição é formada pela democracia-cristã, que governou o país a maior parte do tempo e, na Europa, é geralmente tida como de direita.
No Brasil, a oposição a FHC é rotulada como de esquerda.
2 - Kok, ao contrário de FHC, tem origem no sindicalismo. Chegou a ser dirigente do equivalente holandês da CUT (Central Única de Trabalhadores).
O comentário de FHC não foi o único momento em que ele falou monossilabicamente de política.
Questionado sobre como reagia à entrevista do presidenciável Ciro Gomes ao jornal "Valor", em que classificou FHC de traidor do Plano Real, o presidente disse apenas: "Eu rio".
Depois, quando os jornalistas quiseram saber que candidato à eleição norte-americana ele preferia, respondeu: "Eu por enquanto não apóio nenhum candidato nem no Brasil, quanto mais nos Estados Unidos".
Em todo o caso, lembrou que Al Gore, o candidato democrata, "é mais ligado a certas questões sensíveis, como ambiente e condições de trabalho".
O governo brasileiro critica sempre a pretensão norte-americana de incluir, em acordos comerciais, regras de respeito ao ambiente e às condições trabalhistas. (CLÓVIS ROSSI)


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