DA AGÊNCIA FOLHA

O presidente municipal do PT de Cuiabá, Sivaldo Dias Campos, 36, levou ontem dois tiros na cabeça. Até o início da noite, ele estava internado e seu quadro clínico era considerado gravíssimo.
A polícia e o governo de Mato Grosso trabalham com a hipótese de assalto. Para lideranças do PT, Campos foi alvo de um atentado político. O deputado federal José Dirceu (SP), presidente nacional do PT, relacionou o crime aos assassinatos de dois petistas, em Suzano (SP) e Coruripe (AL), na semana passada, afirmando que são todos crimes políticos.

Denúncias
Segundo informações da Polícia Civil, por volta das 7h30, três homens dominaram Campos, que se preparava para sair de casa.
A mulher dele, Sônia Campos, disse à polícia que foi presa dentro do seu quarto enquanto o marido era dominado e alvejado por tiros de revólver calibre 38.
Sivaldo era integrante do MCCC (Movimento Cívico de Combate à Corrupção), entidade que seis dias antes da eleição denunciou que 12 candidatos que disputavam vagas para vereador estavam contratando pessoas para fazer boca-de-urna. Dos denunciados, dez se elegeram.
Membros do MCCC gravaram conversas telefônicas com os coordenadores dos comitês dos vereadores. Alguns ofereceram de R$ 25 a R$ 30 pelo trabalho. As fitas foram entregues à Justiça Eleitoral, que as repassou para a Polícia Federal para investigações.
Para dirigentes do PT de Cuiabá, as denúncias contra os vereadores podem ter motivado o crime, já que as ligações telefônicas foram feitas da casa de Campos.
O secretário estadual da Segurança, Benedito Cordelino, disse que Campos foi vitima de "ladrões amadores". Ele declarou que se o crime tivesse sido encomendado, seus executores teriam procurado um outro horário para agir e não teriam ficado expostos.
Renato Mello, médico que acompanhou a cirurgia de Sivaldo, disse que, se ele sobreviver, terá sequelas motoras, intelectuais e sensitivas em razão da perda de massa encefálica.

Outros casos
O vice-presidente do diretório do PT de Caruaru (PE), José Ribamar de Souza Gondim, 38, ligado também ao MST, foi assassinado no final da tarde da última sexta no povoado de Lagoa do Pau, em Coruripe (litoral sul de Alagoas).
Gondim morreu após levar 11 tiros disparados por dois homens em um restaurante. A polícia sabe apenas que os homens chegaram ao local em um Uno vermelho.
Segundo Jaime Amorim, líder do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) em Pernambuco, Gondim foi assassinado porque denunciou autoridades locais em Caruaru.
Em Suzano (SP), o eletricista Manoel Maria de Souza Neto, 43, coordenador da campanha municipal do PT foi morto na sexta à noite, com um tiro na nuca.
Segundo o PT, havia marcas de cortes no pescoço de Souza Neto, o que indicaria uma tentativa de degolamento. O eletricista também participava do MST.
O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, disse que não tem dúvida de que, nos três casos, os crimes têm conotação política. (CELSO BEJARANO JR., EDUARDO DE OLIVEIRA E ARI CIPOLA)


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