São Paulo, quinta-feira, 11 de outubro de 2001

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PERSONALIDADE

Velório reúne 300 pessoas; Dornelles, representando FHC, diz que economista "enxergava 200 anos à frente"

Campos é enterrado no mausoléu da ABL

DA SUCURSAL DO RIO

O embaixador, escritor e economista Roberto Campos, 84, foi enterrado ontem à tarde no mausoléu da ABL (Academia Brasileira de Letras), no cemitério São João Batista, em Botafogo (zona sul do Rio). Até o início da tarde, seu corpo foi velado por cerca de 300 pessoas no Salão dos Poetas Românticos, na sede da Academia. Campos ocupava a cadeira número 21 da ABL, para a qual foi eleito em 1999.
Campos morreu anteontem à noite, em casa, enquanto dormia, vítima de um infarto agudo.
Estavam presentes no velório acadêmicos, amigos e parentes do escritor. Entre eles, o jurista Evandro Lins e Silva, o ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, os ex-ministros do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso e da Economia Marcílio Marques Moreira, o vice-presidente da Infoglobo Comunicações, Rogério Marinho, e a empresária Lily de Carvalho Marinho, mulher de Roberto Marinho.
Dornelles, que representou o presidente Fernando Henrique Cardoso, elogiou Campos: "Ele enxergava 100 ou 200 anos à frente de todos", disse. O Itamaraty foi representado pelo chefe interino do escritório do ministério das Relações Exteriores do Rio, Reginaldo Brito.
"Ele foi um profeta, um homem a quem devemos o processo de modernização do Estado, e que previu fatos e desdobramentos geopolíticos décadas antes de eles acontecerem. Um homem com muita coragem e coerência durante toda sua vida", disse o presidente da ABL, Tarcísio Padilha.
Para Padilha, o escritor foi uma pessoa que "degustava e saboreava idéias e palavras", mas que "apontava somente as vantagens do mundo globalizado, não se atendo aos seus inconvenientes".
A mulher de Campos, Estela, não compareceu ao velório nem ao enterro do marido por estar muito abalada, segundo a filha, Sandra, que esteve o tempo todo ao lado do irmão, Roberto Campos Júnior.
"Ele estava sofrendo muito. Acho que de certa maneira foi uma libertação. Ele teve uma vida fascinante, nos ensinou muito, aos filhos e acho que ao Brasil também", disse Sandra.
A missa de corpo presente foi rezada às 14h pelo padre e acadêmico Fernando Bastos de Ávila, que chorou durante a cerimônia. Ele comunicou o envio de pêsames do cardeal dom Eugenio Sales, arcebispo emérito do Rio.
Roberto Campos foi enterrado às 15h45 vestido com o fardão de acadêmico. Sobre o caixão, foi colocada a bandeira da ABL, para a qual o economista foi eleito em 1999. O cortejo foi acompanhado por cerca de 200 pessoas.
"Morreu um grande brasileiro, mas também um grande injustiçado. Ele chegou a receber apelidos maldosos pelo direito de exercer uma opinião correta, ou pelo menos ilustrada. Foi perseguido pelos nossos Talebans sem turbantes, a esquerda raivosa que nós tínhamos", disse o economista Paulo Guedes, diretor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais).


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