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PERSONALIDADE
Velório reúne 300 pessoas; Dornelles, representando FHC, diz que economista "enxergava 200 anos à frente"
Campos é enterrado no mausoléu da ABL
DA SUCURSAL DO RIO
O embaixador, escritor e economista Roberto Campos, 84, foi
enterrado ontem à tarde no mausoléu da ABL (Academia Brasileira de Letras), no cemitério São
João Batista, em Botafogo (zona
sul do Rio). Até o início da tarde,
seu corpo foi velado por cerca de
300 pessoas no Salão dos Poetas
Românticos, na sede da Academia. Campos ocupava a cadeira
número 21 da ABL, para a qual foi
eleito em 1999.
Campos morreu anteontem à
noite, em casa, enquanto dormia,
vítima de um infarto agudo.
Estavam presentes no velório
acadêmicos, amigos e parentes do
escritor. Entre eles, o jurista Evandro Lins e Silva, o ministro do
Trabalho, Francisco Dornelles, os
ex-ministros do Planejamento
João Paulo dos Reis Velloso e da
Economia Marcílio Marques Moreira, o vice-presidente da Infoglobo Comunicações, Rogério
Marinho, e a empresária Lily de
Carvalho Marinho, mulher de
Roberto Marinho.
Dornelles, que representou o
presidente Fernando Henrique
Cardoso, elogiou Campos: "Ele
enxergava 100 ou 200 anos à frente de todos", disse. O Itamaraty foi
representado pelo chefe interino
do escritório do ministério das
Relações Exteriores do Rio, Reginaldo Brito.
"Ele foi um profeta, um homem
a quem devemos o processo de
modernização do Estado, e que
previu fatos e desdobramentos
geopolíticos décadas antes de eles
acontecerem. Um homem com
muita coragem e coerência durante toda sua vida", disse o presidente da ABL, Tarcísio Padilha.
Para Padilha, o escritor foi uma
pessoa que "degustava e saboreava idéias e palavras", mas que
"apontava somente as vantagens
do mundo globalizado, não se
atendo aos seus inconvenientes".
A mulher de Campos, Estela,
não compareceu ao velório nem
ao enterro do marido por estar
muito abalada, segundo a filha,
Sandra, que esteve o tempo todo
ao lado do irmão, Roberto Campos Júnior.
"Ele estava sofrendo muito.
Acho que de certa maneira foi
uma libertação. Ele teve uma vida
fascinante, nos ensinou muito,
aos filhos e acho que ao Brasil
também", disse Sandra.
A missa de corpo presente foi
rezada às 14h pelo padre e acadêmico Fernando Bastos de Ávila,
que chorou durante a cerimônia.
Ele comunicou o envio de pêsames do cardeal dom Eugenio Sales, arcebispo emérito do Rio.
Roberto Campos foi enterrado
às 15h45 vestido com o fardão de
acadêmico. Sobre o caixão, foi colocada a bandeira da ABL, para a
qual o economista foi eleito em
1999. O cortejo foi acompanhado
por cerca de 200 pessoas.
"Morreu um grande brasileiro,
mas também um grande injustiçado. Ele chegou a receber apelidos maldosos pelo direito de
exercer uma opinião correta, ou
pelo menos ilustrada. Foi perseguido pelos nossos Talebans sem
turbantes, a esquerda raivosa que
nós tínhamos", disse o economista Paulo Guedes, diretor do Ibmec
(Instituto Brasileiro de Mercado
de Capitais).
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