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JUSTIÇA
Decisão determina que dívida referente a títulos podres seja assumida por banco
TRF desobriga governo do Paraná de pagar precatórios
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O TRF (Tribunal Regional Federal) da 4ª Região tomou decisão
que desobriga o governo do Paraná a continuar pagando dívida estimada em R$ 500 milhões referente aos títulos podres de Alagoas e Santa Catarina e dos municípios de Guarulhos e Osasco.
Pela decisão da Justiça, tomada
em junho e divulgada anteontem,
o débito terá de ser assumido pelo
banco Itaú. O banco herdou os
precatórios em outubro de 2000,
quando comprou o Banestado
(Banco do Estado do Paraná).
Um contrato entre o Itaú e o governo do Paraná vinha obrigando
o governo a amortizar a dívida
com repasse de R$ 8 milhões ao
mês ao banco.
Uma ação civil pública do Ministério Público do Paraná conseguiu barrar o acordo em primeira
instância. O Itaú recorreu ao TRF,
mas a decisão foi mantida.
O Itaú recorreu novamente ao
TRF com um recurso, que ainda
não foi julgado. Caso seja negado,
o banco ainda pode recorrer ao
STJ (Superior Tribunal de Justiça). A direção do Itaú não comenta o assunto.
O governo do Paraná também
não se pronunciou a respeito. A
única informação da Secretaria da
Comunicação Social foi a de que o
Estado vai esperar a decisão final
da Justiça.
O governo também não informou qual o valor atualizado da dívida e em quantos anos foi rolada
junto ao Itaú.
A sentença do TRF é a segunda
vitória preliminar do Ministério
Público sobre o imbróglio dos
precatórios. Recentemente, a Procuradoria da República no Paraná
conseguiu anular um contrato em
que ações da Copel (Companhia
Paranaense de Energia) seriam
repassadas ao Itaú como garantia
dos títulos, caso o governo não
honrasse a dívida.
O promotor Mateus Bertoncini,
que assinou a ação contra o governo e o Itaú, disse que mesmo
que a decisão do TRF não seja definitiva, "deverá vigorar até a decisão final".
O escândalo dos títulos podres
que ""micaram" no Paraná veio à
tona em 96, com as apurações da
CPI dos Precatórios, no Senado.
A Corretora Banestado adquiriu títulos de Pernambuco, Alagoas, Osasco e Guarulhos para
negociá-los no mercado sem que
tivessem liquidez. Pernambuco
resgatou seus títulos (pagando R$
160 milhões) em 2000.
O rombo decorrente do mau
negócio acabou sendo assumido
pelo Banestado, quando do saneamento do banco, que contou
com um socorro de R$ 4,1 bilhões
do Banco Central.
No processo de privatização da
instituição paranaense, os títulos
foram caucionados por ações da
Copel. O movimento de setores
da sociedade paranaense contra a
privatização da companhia energética estimulou o Ministério Público a entrar com ações na Justiça para romper os acordos.
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