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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Processo será instaurado no Conselho de Ética semana que vem; até lá, renúncia é possível
Câmara dá mais prazo para acusados decidirem futuro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Apesar do anúncio feito pelo
advogado de José Borba (PMDB-PR), Roberto Bertholdo, de que
ele entrega hoje sua carta de renúncia, os 13 deputados que estão
na iminência de sofrer processo
de cassação do mandato ganharam mais uma semana de prazo e
podem esperar até a próxima terça-feira para decidir se renunciam
ou se vão enfrentar os processos
no Conselho de Ética da Casa.
A Mesa da Câmara reúne-se às
9h, e a tendência é que decida pela
abertura de processo contra todos
os 13, isso se o quarto-secretário,
João Caldas (PL-AL), não cumprir a promessa de pedir vista dos
processos, o que adiaria a decisão
para a semana que vem.
Mesmo que a Mesa decida hoje
sobre o destino dos deputados, a
Secretaria Geral da Casa disse que
só poderá enviar os despachos ao
conselho na tarde de quinta ou na
manhã de sexta. Isso porque cada
um dos procedimentos seguiria
com pelo menos 16 mil páginas
resultantes das investigações.
Diante disso, o presidente do
conselho, Ricardo Izar (PTB-SP),
decidiu agendar para a próxima
terça a instauração dos processos.
A partir daí os acusados não podem renunciar como forma de escapar à inelegibilidade até 2015
que a possível cassação acarreta.
Os 13 deputados -seis do PT,
quatro do PP, um do PMDB, um
do PFL e um do PL- são acusados de envolvimento no esquema
de financiamento de partidos
aliados montado pela ex-direção
do PT com o empresário Marcos
Valério. Outros três, José Dirceu
(PT-SP), Sandro Mabel (PL-GO)
e Romeu Queiroz (PTB-MG), sofrem a mesma acusação, mas já
são processados pelo conselho.
Votação
A Mesa da Câmara é composta
por sete deputados, entre eles o
presidente da Casa, Aldo Rebelo
(PC do B-SP). Aldo sinalizou ontem que poderia promover uma
votação individualizada sobre
quem deve ser ou não processado
pelo conselho, e não em bloco, como sugeriu a corregedoria.
Isso poderia abrir brecha para o
arquivamento na Mesa de alguns
casos, já que alguns integrantes
dizem não ver provas contra Vadão Gomes (PP-SP) e Pedro
Henry (PP-MT), por exemplo.
Mas a tendência é de aprovação
da abertura de processo contra
todos por um placar de seis a um.
Só Caldas votaria contra.
O dia de ontem foi de fortes rumores relacionados à renúncia
desse ou daquele acusado, mas a
maioria dos deputados na berlinda rechaçou a possibilidade de fugir ao processo. "Nada me faz renunciar. Quem renunciar está
atentando contra sua honra", disse João Magno (PT-MG). Outros
petistas também negaram renúncia, exceto Paulo Rocha (PA).
Segundo petistas, ele sinaliza
que vai abandonar o mandato.
"Todo o Pará é pela minha renúncia, mas ainda não decidi. Temos
de analisar caso a caso e esperar a
decisão da Mesa", disse, após se
reunir com o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP),
outro da lista dos "cassáveis".
"A minha decisão é não renunciar. Eu não devo ser punido porque o que recebi foi dinheiro do
partido, tenho declaração escrita", disse João Paulo. Os outros
petistas acusados são José Mentor
(SP), Professor Luizinho (SP) e
Josias Gomes (BA).
No PP, os quatro acusados
-Pedro Henry, Vadão Gomes,
José Janene (PR) e Pedro Corrêa
(PE)- têm discurso contrário à
renúncia. "Não tenho por que renunciar. Não fiz nada que quebrasse o decoro", disse Henry.
Vadão disse a técnicos da Câmara que pretende entregar um
documento à Mesa antes da reunião, mas não disse se era um
adendo à defesa ou uma carta de
renúncia. Os outros acusados são
Wanderval Santos (PL-SP) e Roberto Brant (PFL-MG).
(RANIER BRAGON, SILVIO NAVARRO, FÁBIO ZANINI e ADRIANO CEOLIN)
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