São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES

Segundo advogado, parlamentar quer se livrar de cassação para concorrer em 2006

Ex-líder do PMDB, Borba prepara renúncia para hoje

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O único deputado federal do PMDB na lista de beneficiários do suposto esquema do ""mensalão", José Borba (PR), deve renunciar hoje ao mandato para escapar do processo de cassação e da ameaça de ficar inelegível por oito anos.
A informação sobre a renúncia foi dada à Folha pelo advogado e seu ex-assessor parlamentar na Câmara, Roberto Bertholdo.
""É só o processo dar entrada na Mesa Diretora da Câmara que o Borba entrega uma carta de renúncia", disse Bertholdo. O advogado afirmou que redigiu juntamente com Borba a carta-renúncia que o deputado entregará.
"Ali ele vai dar suas razões", disse Bertholdo. Borba não foi encontrado pela reportagem para afirmar se renunciaria ou não ao mandato de deputado. Em entrevistas na semana passada, ele negou. ""Não tem isso", disse.
Entre os deputados envolvidos no escândalo, 13 ainda têm chance de escapar do julgamento político por meio da renúncia -isso porque uma vez aberto o processo no Conselho de Ética, essa alternativa não é mais possível.
Desde o início da crise, Roberto Jefferson (PTB-RJ) teve seu mandato cassado e Valdemar Costa Neto (PL-SP) e Carlos Rodrigues (PL-RJ) renunciaram.
Com a renúncia, o processo contra o deputado não é aberto e ele pode se candidatar em 2006.

Banco Rural
Deputado federal no terceiro mandato, Borba foi líder do PMDB na Câmara por duas vezes e, na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, sempre tentou levar a bancada peemedebista a votar com o governo. Ele aparece nos registros da agência do Banco Rural de Brasília na mesma hora em dias em que a diretora financeira da agência de publicidade SMPB, Simone Vasconcellos, fez grandes saques em dinheiro. Num deles, em 26 de novembro de 2003, Vasconcellos retirou R$ 400 mil do Rural. Borba estava na agência. Interrogado, o publicitário Marcos Valério de Souza disse que o deputado sacou R$ 2,1 milhões -Borba nega a afirmação.
O deputado ganhou a notoriedade pela primeira vez quando foi flagrado, em 1998, votando no lugar do ex-deputado Valdomiro Meger (PFL-PR) durante votação da reforma da Previdência. O Conselho de Ética chegou a abrir procedimento para cassá-lo por quebra do decoro parlamentar à época, mas o processo não andou.
No começo da carreira política, no PTB, ele foi apadrinhado pelo ex-banqueiro, ex-ministro e ex-senador José Eduardo de Andrade Vieira. Em comum com Vieira, Borba tem o mesmo advogado. Bertholdo funciona como uma espécie de eminência parda, que atua com o deputado nas negociações políticas de cúpula.


Texto Anterior: Cassado, Jefferson se aposenta como deputado com salário de R$ 8.882,91
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.