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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ HORA DAS CASSAÇÕES
Segundo advogado, parlamentar quer se livrar de cassação para concorrer em 2006
Ex-líder do PMDB, Borba prepara renúncia para hoje
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O único deputado federal do
PMDB na lista de beneficiários do
suposto esquema do ""mensalão",
José Borba (PR), deve renunciar
hoje ao mandato para escapar do
processo de cassação e da ameaça
de ficar inelegível por oito anos.
A informação sobre a renúncia
foi dada à Folha pelo advogado e
seu ex-assessor parlamentar na
Câmara, Roberto Bertholdo.
""É só o processo dar entrada na
Mesa Diretora da Câmara que o
Borba entrega uma carta de renúncia", disse Bertholdo. O advogado afirmou que redigiu juntamente com Borba a carta-renúncia que o deputado entregará.
"Ali ele vai dar suas razões", disse Bertholdo. Borba não foi encontrado pela reportagem para
afirmar se renunciaria ou não ao
mandato de deputado. Em entrevistas na semana passada, ele negou. ""Não tem isso", disse.
Entre os deputados envolvidos
no escândalo, 13 ainda têm chance de escapar do julgamento político por meio da renúncia -isso
porque uma vez aberto o processo no Conselho de Ética, essa alternativa não é mais possível.
Desde o início da crise, Roberto
Jefferson (PTB-RJ) teve seu mandato cassado e Valdemar Costa
Neto (PL-SP) e Carlos Rodrigues
(PL-RJ) renunciaram.
Com a renúncia, o processo
contra o deputado não é aberto e
ele pode se candidatar em 2006.
Banco Rural
Deputado federal no terceiro
mandato, Borba foi líder do
PMDB na Câmara por duas vezes
e, na gestão de Luiz Inácio Lula da
Silva, sempre tentou levar a bancada peemedebista a votar com o
governo. Ele aparece nos registros
da agência do Banco Rural de
Brasília na mesma hora em dias
em que a diretora financeira da
agência de publicidade SMPB, Simone Vasconcellos, fez grandes
saques em dinheiro. Num deles,
em 26 de novembro de 2003, Vasconcellos retirou R$ 400 mil do
Rural. Borba estava na agência.
Interrogado, o publicitário Marcos Valério de Souza disse que o
deputado sacou R$ 2,1 milhões
-Borba nega a afirmação.
O deputado ganhou a notoriedade pela primeira vez quando foi
flagrado, em 1998, votando no lugar do ex-deputado Valdomiro
Meger (PFL-PR) durante votação
da reforma da Previdência. O
Conselho de Ética chegou a abrir
procedimento para cassá-lo por
quebra do decoro parlamentar à
época, mas o processo não andou.
No começo da carreira política,
no PTB, ele foi apadrinhado pelo
ex-banqueiro, ex-ministro e ex-senador José Eduardo de Andrade Vieira. Em comum com Vieira,
Borba tem o mesmo advogado.
Bertholdo funciona como uma
espécie de eminência parda, que
atua com o deputado nas negociações políticas de cúpula.
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