|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO/ HORA DAS CASSAÇÕES
Deputado lembra que nazistas tiveram julgamento individual e defende o mesmo para acusados
Aldo cita nazismo e diz que processo coletivo é ditatorial
SILVIO NAVARRO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
Na véspera da reunião da Mesa
Diretora que decidirá sobre o envio de processo de 13 deputados
para o Conselho de Ética, o presidente da Câmara dos Deputados,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou ontem que até os acusados
pelo nazismo "tiveram direito a
um processo individual" e que
"processos coletivos estão relacionados a regimes ditatoriais".
"A primeira vez que ouvi falar
em processo coletivo estava relacionado a regimes ditatoriais.
Quando o tribunal de Nuremberg
[responsável pelo julgamento de
líderes nazistas após a 2ª Guerra
Mundial] julgou os acusados de
genocídio pelo nazismo, todos os
nazistas tiveram direito a um processo individual", disse.
"Então eu creio que o direito ao
justo processo e ao processo individual é um direito universal da
democracia", completou.
A declaração foi uma resposta
sobre o procedimento que será
adotado pela Mesa para avaliar o
relatório elaborado pela corregedoria da Casa, citando 16 deputados acusados de envolvimento
com o escândalo do "mensalão
-três deles já enfrentam processos em curso no conselho.
A reunião será conduzida por
Aldo e terá a presença de outros
seis integrantes da Mesa, entre
eles o próprio corregedor, Ciro
Nogueira (PP-PI). A tendência,
contudo, é que o quarto-secretário, João Caldas (PL-AL), peça
vista do processo, o que adiaria a
decisão por até duas sessões.
Apesar de o relatório da corregedoria ser unificado para todos
os deputados acusados -divididos em capítulos-, a Mesa tem
necessariamente de desmembrar
caso a caso e enviá-los separadamente ao Conselho. A Mesa também tem poder para arquivar alguns deles se julgar que não há indícios de quebra de decoro.
Regime de exceção
O relatório da corregedoria recomenda a abertura de processo
de cassação contra 13 parlamentares, mas a abertura é sugerida
"se [a Mesa] entender pelas representações". A redação deu margem para que alguns deputados
acusassem a corregedoria de não
ter se posicionado claramente.
"Julgamento coletivo, étnico,
racial, religioso, quando feito e
realizado sem o Estado de direito,
sem o amparo de prerrogativas,
geralmente é feito por ditaduras.
Só em regimes de exceção há julgamentos coletivos. Em regimes
democráticos o processo é individual, e cada processado tem o direito ao seu julgamento e à sua defesa", afirmou Aldo.
O presidente da Câmara passou
os últimos dias analisando o relatório da corregedoria, com o
apoio da assessoria jurídica da
Casa. Ontem, entretanto, disse
que não poderia antecipar sua
opinião para não "viciar" a decisão da Mesa Diretora.
Texto Anterior: Janio de Freitas: O plano de fuga Próximo Texto: Renúncia não deve evitar candidatura, diz Wagner Índice
|