São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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"Pedido de irmão de presidente ninguém nega", afirma advogado

FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

"É natural. Um pedido de um ir mão do presidente ninguém nega", disse ontem o advogado Emmanuel Quirino dos Santos ao comentar uma audiência no Palácio do Planalto conseguida por Genival Inácio da Silva, o Vavá, para uma entidade da área de saúde.
Ao definir Vavá como um amigo de muitos anos, Santos negou ser um dos funcionários em escritório, segundo a revista "Veja", aberto pelo irmão do presidente Lula em São Bernardo para intermediar contatos entre empresários e ONGs e o governo.
Santos afirma que, embora exiba foto de Vavá com o presidente Lula na entrada, o local é seu escritório de advocacia. "Não estarei de tarde no escritório porque tenho compromissos no fórum de São Bernardo." O espaço é dividido, diz, com sua ex-mulher, Cristina Caçapava, também amiga de Vavá, que atuaria como agente de viagens free-lancer.
"O sr. Genival não possui nenhum tipo de relação profissional ou comercial como também não possui qualquer tipo de ingerência no nosso local de trabalho", diz nota de Santos à imprensa, na qual nega que o local fosse usado para "tráfico de influência".
Ele afirmou à Folha, porém, que Vavá freqüentava o espaço para fazer contatos e usar o telefone. Segundo Santos, esse foi um acordo informal feito já que Vavá foi quem conseguiu as salas para o escritório. O proprietário do local, segundo o advogado também um amigo de Vavá, aceitou que o aluguel de R$ 450 só fosse pago depois de um período de carência de sete meses, tempo para que os novos negócios se estabilizassem.
As três linhas telefônicas do local estão no nome do irmão do presidente. A explicação de Santos é que nem ele nem a ex-mulher teriam como contratar o serviço telefônico. Os dois têm restrições de crédito desde que a agência de viagens que tinham "quebrou" em 2001.

Lula e orgulho
"A intenção era montar meu escritório, isolado, e a agência de viagens para Cristina. Vavá perguntou: "Posso usar eventualmente o telefone?" Disse: "Pode'".
Questionado sobre que tipo de contatos fazia Vavá no local, Santos afirmou que ele era procurado por muitas pessoas, a maioria "gente humilde". E contatos como o da Federação Brasileira de Hospitais, que afirma ter usado a influência de Vavá para falar com o Planalto? "Isso é exceção. A grande massa é gente pobre." Santos afirma que o irmão de Lula sempre atendeu a população. Com a chegada do PT ao Planalto, vieram os "pedidos maiores".
Nada, porém, afirma Santos, indica que Vavá tirasse qualquer vantagem dos contatos. "Temos de ver um aspecto: vai fazer três anos que o irmão dele está lá no Planalto e ele não conseguiu nada, nenhum encaminhamento. A reportagem [da "Veja'] mostra."
Sobre a foto de Lula, Vavá e Cristina Caçapava na entrada do escritório, ele diz que o propósito não era "impressionar" os visitantes. "É orgulho. Se tivesse uma foto com um campeão de Fórmula 1, eu também colocava."
Nem Vavá nem Caçapava, que segundo a "Veja" se apresentava como assessora do irmão do presidente, foram encontrados ontem.
No escritório, que fica no 3º andar de um prédio comercial próximo ao centro de São Bernardo, só Santos e a secretária Gisely Sant'Ana apareceram rapidamente ontem. Segundo vizinhos, Vavá é visto diariamente, mas o local não é freqüentado por empresários. "Soube que ia ser uma agência de viagens, mas nunca vi ninguém comprando, só se por telefone. Gravatinha aí só vi uma vez", diz um vizinho.


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