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"Pedido de irmão de presidente ninguém nega", afirma advogado
FLÁVIA MARREIRO
DA REPORTAGEM LOCAL
"É natural. Um pedido de um ir
mão do presidente ninguém nega", disse ontem o advogado Emmanuel Quirino dos Santos ao comentar uma audiência no Palácio
do Planalto conseguida por Genival Inácio da Silva, o Vavá, para
uma entidade da área de saúde.
Ao definir Vavá como um amigo de muitos anos, Santos negou
ser um dos funcionários em escritório, segundo a revista "Veja",
aberto pelo irmão do presidente
Lula em São Bernardo para intermediar contatos entre empresários e ONGs e o governo.
Santos afirma que, embora exiba foto de Vavá com o presidente
Lula na entrada, o local é seu escritório de advocacia. "Não estarei de tarde no escritório porque
tenho compromissos no fórum
de São Bernardo." O espaço é dividido, diz, com sua ex-mulher,
Cristina Caçapava, também amiga de Vavá, que atuaria como
agente de viagens free-lancer.
"O sr. Genival não possui nenhum tipo de relação profissional
ou comercial como também não
possui qualquer tipo de ingerência no nosso local de trabalho",
diz nota de Santos à imprensa, na
qual nega que o local fosse usado
para "tráfico de influência".
Ele afirmou à Folha, porém, que
Vavá freqüentava o espaço para
fazer contatos e usar o telefone.
Segundo Santos, esse foi um acordo informal feito já que Vavá foi
quem conseguiu as salas para o
escritório. O proprietário do local,
segundo o advogado também um
amigo de Vavá, aceitou que o aluguel de R$ 450 só fosse pago depois de um período de carência de
sete meses, tempo para que os novos negócios se estabilizassem.
As três linhas telefônicas do local estão no nome do irmão do
presidente. A explicação de Santos é que nem ele nem a ex-mulher teriam como contratar o serviço telefônico. Os dois têm restrições de crédito desde que a agência de viagens que tinham "quebrou" em 2001.
Lula e orgulho
"A intenção era montar meu escritório, isolado, e a agência de
viagens para Cristina. Vavá perguntou: "Posso usar eventualmente o telefone?" Disse: "Pode'".
Questionado sobre que tipo de
contatos fazia Vavá no local, Santos afirmou que ele era procurado
por muitas pessoas, a maioria
"gente humilde". E contatos como o da Federação Brasileira de
Hospitais, que afirma ter usado a
influência de Vavá para falar com
o Planalto? "Isso é exceção. A
grande massa é gente pobre."
Santos afirma que o irmão de Lula
sempre atendeu a população.
Com a chegada do PT ao Planalto,
vieram os "pedidos maiores".
Nada, porém, afirma Santos, indica que Vavá tirasse qualquer
vantagem dos contatos. "Temos
de ver um aspecto: vai fazer três
anos que o irmão dele está lá no
Planalto e ele não conseguiu nada,
nenhum encaminhamento. A reportagem [da "Veja'] mostra."
Sobre a foto de Lula, Vavá e
Cristina Caçapava na entrada do
escritório, ele diz que o propósito
não era "impressionar" os visitantes. "É orgulho. Se tivesse uma
foto com um campeão de Fórmula 1, eu também colocava."
Nem Vavá nem Caçapava, que
segundo a "Veja" se apresentava
como assessora do irmão do presidente, foram encontrados ontem.
No escritório, que fica no 3º andar de um prédio comercial próximo ao centro de São Bernardo,
só Santos e a secretária Gisely
Sant'Ana apareceram rapidamente ontem. Segundo vizinhos,
Vavá é visto diariamente, mas o
local não é freqüentado por empresários. "Soube que ia ser uma
agência de viagens, mas nunca vi
ninguém comprando, só se por
telefone. Gravatinha aí só vi uma
vez", diz um vizinho.
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