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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Presidente diz que opositores torcem para "as coisas não darem certo" e que não tomará "atitudes populistas" por conta das eleições de 2006
Lula reclama de "urucubaca" contra o governo
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva criticou ontem opositores
que, segundo ele, torcem contra
seu governo: "Vocês não sabem o
que é urucubaca! É gente torcendo para que as coisas não dêem
certo". Lula disse que não tomará
"atitudes populistas" e "irresponsáveis" em 2006, influenciado pelo processo eleitoral.
Durante lançamento de licitação para a construção de 42 petroleiros da Transpetro (subsidiária
da Petrobras) em Niterói (13 km
do Rio), Lula afirmou que o "país
está vivendo um de seus melhores
momentos" ao ingressar num
"círculo virtuoso" que, segundo
ele, perdurará por até 15 anos,
com crescimento econômico, de
emprego e de renda.
A despeito do prognóstico positivo, o presidente chamou de
"urucubaca" a "torcida" que, segundo ele, opositores fazem contra seu governo.
"Vocês não pensem que a coisa
é fácil. Está cheio de gente torcendo para as coisas não darem certo.
Vocês já viram um torcedor do
Flamengo querer que o Vasco ganhe? Vocês já viram um torcedor
do Vasco querer que o Flamengo
ganhe? Na política, é a mesma coisa. Vocês não sabem o que é urucubaca! É gente torcendo para
que as coisa não dêem certo."
Segundo o dicionário "Aurélio", urucubaca significa "má sorte ou infelicidade constante em
acontecimentos fortuitos ou em
tudo que se intenta".
Lula negou a possibilidade de
ceder ao populismo: "As coisas
estão mais ou menos arrumadas.
Agora, é a gente não permitir que
o processo eleitoral do ano que
vem venha exigir que o governante tome medidas irresponsáveis,
populistas, tentando fazer apenas
algumas coisa para a torcida, sem
levar em conta o momento que o
Brasil está vivendo".
Em discurso a uma platéia prioritariamente de operários e marinheiros que gritavam seu nome,
Lula disse que as ações do governo serão pautadas pela responsabilidade. "As coisas serão feitas da
forma mais responsável possível.
Serão feitas porque, se depender
de mim, o Brasil não jogará fora
essa oportunidade."
De acordo com Lula, o país está
entrando num momento "crucial" de seu processo de desenvolvimento, no qual não se pode errar. "Se agirmos corretamente, o
Brasil poderá ter conquistado definitivamente um novo ciclo de
desenvolvimento sustentado e
duradouro, que pode demorar de
dez a 15 anos."
Lula disse não estar disposto a
jogar por terra o esforço para colocar o país nessa rota: "Eu, que
nunca tive nada de graça na vida,
não vou jogar fora esse oportunidade. O Brasil está num ciclo virtuoso. As exportações estão crescendo, a poupança interna está
crescendo, a massa salarial está
crescendo, o emprego está crescendo. O que está caindo nesse
momento? O custo de vida e a inflação", afirmou. Citou números:
disse que a média mensal de geração de empregos com carteira é
de 105 mil em seu governo, contra
8.000 no de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Pró-Lula
Os sindicalistas Carlos Alberto
Grana, presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da
CUT (Central Única dos Trabalhadores), e José Mascarenhas,
presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, discursaram
e exortaram o presidente a concorrer à reeleição.
Em resposta, a platéia, em sua
maioria de petroleiros, metalúrgicos e marinheiros, gritava: "Lula,
Lula, Lula". Alguns arriscavam
ainda mais: "Lula, eu te amo".
Ao final de seu discurso, Lula
arrancou gritos de "Olê, Olê, Olá,
Lula, Lula". "Eu quero dizer que
há muitos séculos grande navegadores diziam: "Navegar é preciso,
viver não é preciso". Eu agora quero mudar um pouco a letra e vou
dizer: Navegar é preciso e viver
melhor é muito mais preciso",
disse Lula, depois de um pequeno
tropeço, no qual trocou a palavra
"viver" por "morrer".
"Navegar é preciso, viver não é
preciso" era o lema da Escola de
Sagres, dedicada aos navegadores
do século 15.
Do lado de fora, um grupo de 30
manifestantes da juventude peemedebista protestou durante o
evento, com cartazes nos quais
era possível ler "Lula ladrão, devolve o "mensalão'".
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