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RELIGIÃO
José Leite, que toma remédios controlados, atingiu imagem durante procissão e foi protegido da multidão por PMs
Evangélico ataca imagem de santa no Círio
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
A imagem da Nossa Senhora de
Nazaré carregada na procissão do
Círio -a maior manifestação religiosa do país- foi parcialmente
destruída ontem, um dia após o
evento, em Belém (PA).
A santa foi atingida por duas pedras atiradas a uma distância de 5
m pelo segurança José Ubiratan
Leite, 34. Ele toma remédios controlados e terá de passar por exames que atestem sua sanidade
mental. Segundo o delegado Edimar Melo, Leite, que se recusou a
prestar esclarecimentos, é evangélico e portava uma carteirinha
da Assembléia de Deus.
O incidente ocorreu por volta de
11h30. A multidão que se aglomerava em volta da praça santuária
para cultuar a santa tentou linchar Leite, que foi protegido por
policiais. A imagem de madeira,
de 48 cm e 3 kg, teve danos na coroa e em sua base de sustentação.
Leite foi preso e autuado por dano ao patrimônio histórico e cultural -crime que pode dar de um
a três anos de reclusão.
A santa, construída em 1969, na
Itália, é uma réplica da original,
datada de 1793, que está protegida
no interior da Basílica de Nazaré,
fora do alcance dos fiéis. Uma perícia seria realizada ontem. O objetivo é restaurar a peça ainda hoje, para que ela volte a ficar exposta ao público.
Segundo o coordenador do Círio, Flávio Américo, a segurança,
feita por apenas dois guardas, será
reforçada nos próximos dias.
Para o arcebispo metropolitano
de Belém, dom Orani João Tempesta, a atitude demonstra "uma
certa intolerância perigosa". "O
que me preocupa é o futuro, pois
nossa cultura católica cristã sempre foi de respeito mútuo", disse.
A santa danificada é carregada
todos os anos na procissão do Círio, que tem início no segundo
domingo de outubro.
A festa levou, anteontem, 2 milhões de pessoas às ruas da capital. No percurso de 4 km, os devotos transportam a réplica da catedral de Belém à Basílica. São feitas
ainda novenas, missas e manifestações culturais. Essa foi a 213ª
edição do evento.
A peça fica em exposição 15 dias
após a festa. Depois, é substituída
por outra réplica, maior, de gesso.
Assembléia de Deus
O pastor Cesar Vasconcelos, da
Assembléia de Deus de Belém,
disse que a igreja "repudia qualquer ato de violência religiosa" e
que o incidente se caracteriza como um "ato isolado".
De acordo com o pastor, "ficou
claro de que se trata de uma pessoa que tem uma deficiência e que
a atitude não tem relação com a
prática da igreja".
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