São Paulo, terça-feira, 11 de outubro de 2005

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RELIGIÃO

José Leite, que toma remédios controlados, atingiu imagem durante procissão e foi protegido da multidão por PMs

Evangélico ataca imagem de santa no Círio

THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA

A imagem da Nossa Senhora de Nazaré carregada na procissão do Círio -a maior manifestação religiosa do país- foi parcialmente destruída ontem, um dia após o evento, em Belém (PA).
A santa foi atingida por duas pedras atiradas a uma distância de 5 m pelo segurança José Ubiratan Leite, 34. Ele toma remédios controlados e terá de passar por exames que atestem sua sanidade mental. Segundo o delegado Edimar Melo, Leite, que se recusou a prestar esclarecimentos, é evangélico e portava uma carteirinha da Assembléia de Deus.
O incidente ocorreu por volta de 11h30. A multidão que se aglomerava em volta da praça santuária para cultuar a santa tentou linchar Leite, que foi protegido por policiais. A imagem de madeira, de 48 cm e 3 kg, teve danos na coroa e em sua base de sustentação.
Leite foi preso e autuado por dano ao patrimônio histórico e cultural -crime que pode dar de um a três anos de reclusão.
A santa, construída em 1969, na Itália, é uma réplica da original, datada de 1793, que está protegida no interior da Basílica de Nazaré, fora do alcance dos fiéis. Uma perícia seria realizada ontem. O objetivo é restaurar a peça ainda hoje, para que ela volte a ficar exposta ao público.
Segundo o coordenador do Círio, Flávio Américo, a segurança, feita por apenas dois guardas, será reforçada nos próximos dias.
Para o arcebispo metropolitano de Belém, dom Orani João Tempesta, a atitude demonstra "uma certa intolerância perigosa". "O que me preocupa é o futuro, pois nossa cultura católica cristã sempre foi de respeito mútuo", disse.
A santa danificada é carregada todos os anos na procissão do Círio, que tem início no segundo domingo de outubro.
A festa levou, anteontem, 2 milhões de pessoas às ruas da capital. No percurso de 4 km, os devotos transportam a réplica da catedral de Belém à Basílica. São feitas ainda novenas, missas e manifestações culturais. Essa foi a 213ª edição do evento.
A peça fica em exposição 15 dias após a festa. Depois, é substituída por outra réplica, maior, de gesso.

Assembléia de Deus
O pastor Cesar Vasconcelos, da Assembléia de Deus de Belém, disse que a igreja "repudia qualquer ato de violência religiosa" e que o incidente se caracteriza como um "ato isolado".
De acordo com o pastor, "ficou claro de que se trata de uma pessoa que tem uma deficiência e que a atitude não tem relação com a prática da igreja".


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