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ELEIÇÕES 2008 / SÃO PAULO
Lula pede apoio de evangélicos a Marta
Presidente afirma que candidata petista é vítima de preconceito, assim como ele, que vivia se "explicando aos pastores'
Pastor questiona por que
ex-prefeita acionou Justiça
contra programa evangélico;
Marta rebate que, se sofrer ataque pessoal, ela processa
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A fim de quebrar a resistência de evangélicos à candidatura de Marta Suplicy (PT) e contornar um breve momento de
tensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo
para pastores que participaram
de um encontro com ele e com
a ex-prefeita ontem, em um hotel da zona sul de São Paulo.
"Vocês não podem retribuir o
preconceito de que vocês já foram vítimas", afirmou Lula, a
uma platéia com cerca de cem
líderes religiosos, uma parte
deles arredia à candidata por
seu histórico de defesa da união
civil entre homossexuais.
Marta recebeu declarações
de apoio, inclusive com promessas de orações pela sua eleição. Mas, quando Lula foi chamado a assumir o microfone,
logo após a fala da candidata, o
pastor Cícero Crispim interveio e cobrou a ex-prefeita por
ela ter entrado com uma ação
na Justiça Eleitoral contra um
programa de rádio comandado
por uma igreja evangélica.
No primeiro turno, o programa levou ao ar enquete intitulada "A Bíblia ou Marta", com
ataques à vida pessoal da petista. "Queria saber por que a senhora processou o pastor", disse Crispin. Marta, que havia
acabado de fazer promessas para atender a demandas dos
evangélicos, levantou-se e disse, ríspida: "Se for falar palavra
de baixo calão contra minha
pessoa, será processado!".
Rapidamente, o deputado estadual Rui Falcão, da coordenação da campanha petista, tomou a palavra para afirmar, de
forma pausada, que já havia um
acordo com a radio evangélica,
com a conseqüente retirada da
ação. Lula, então, iniciou o discurso dizendo que seria rápido.
O evento de ontem foi fechado às pressas pelos apoiadores
de Marta a fim de ter a presença
do presidente logo no início do
segundo turno. As pesquisas
apontam desvantagem de 17
pontos da petista em relação a
Gilberto Kassab (DEM).
"Nenhum de nós tem procuração de Deus para ser dono da
verdade absoluta", disse o presidente, que em seguida lembrou do fato de ter sido vítima
de preconceito, inclusive dos
evangélicos, nas campanhas
presidenciais das quais participou. "Eu vivia me explicando
para os pastores", afirmou.
"Acho que hoje a Marta é vítima de preconceito pelas coisas
boas que ela fez. Essa mulher
sofre uma campanha de preconceito na cidade", disse Lula.
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