São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2001

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O BICHO DO PT

Correntes internas do partido divergem sobre processo contra filiado acusado de manter relações com o jogo

Crise do bicho acirra divergência no PT-RS

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

A CPI da Segurança Pública, que atinge o governo petista do Rio Grande do Sul ao investigar seu suposto vínculo com o jogo do bicho, levou o partido a acentuar os conflitos internos no Estado, que podem ter consequências até mesmo na definição do candidato à sucessão do governador Olívio Dutra (PT).
As principais tendências do partido - DS (Democracia Socialista), PT Amplo e Articulação de Esquerda- acentuaram as divergências sobre qual a atitude que o partido deve tomar em relação ao comportamento do filiado Diógenes de Oliveira.
Eles estiveram reunidos ontem, definindo os cinco integrantes da comissão de ética que começa os trabalhos amanhã, 12 dias após ser definida sua criação.
Oliveira é presidente do Clube de Seguros e da Cidadania, entidade criada por petistas e simpatizantes que está na mira da CPI por causa de supostas doações irregulares e ligação com o jogo do bicho.
Uma gravação, revelada pela comissão, entre Oliveira e um delegado, revela que o presidente do clube pedia menos rigor na repressão ao jogo do bicho. Ele dizia falar em nome do governador.
A Articulação de Esquerda queria poupá-lo, com alguns dos seus integrantes pretendendo evitar até mesmo a abertura de processo interno contra ele. Acreditam assim marcar posição do partido contra uma CPI que consideram ter apenas "ambição política".
Já os integrantes da DS, corrente radical que é majoritária no governo gaúcho, queriam sua expulsão sumária. Do PT Amplo, moderado, surgia a proposta de uma definição negociada para o futuro de Oliveira.
A comissão pode definir pela advertência, suspensão ou expulsão do filiado. Publicamente, o único a defender que Oliveira deixe o partido-em decisão própria- é o deputado federal Marcos Rolim (Tendência Humanista), que foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Ao acentuar as divergências sobre o caso de Oliveira, os integrantes das principais tendências do partido também acreditam em um embate maior na definição do nome à sucessão do governador. Os dois nomes que despontam para serem candidatos ao governo são o do próprio Olívio e o do prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro.
A Articulação de Esquerda, no espectro de facções petistas, tem sido o ""fiel da balança" nas prévias. Apoiou Olívio para ser candidato ao governo e Tarso para ser prefeito. Essa vocação pode ser também determinante para o futuro de Oliveira no partido. Na hipótese de isso ocorrer, ele não será expulso.



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