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O BICHO DO PT
Correntes internas do partido divergem sobre processo contra filiado acusado de manter relações com o jogo
Crise do bicho acirra divergência no PT-RS
LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
A CPI da Segurança Pública,
que atinge o governo petista do
Rio Grande do Sul ao investigar
seu suposto vínculo com o jogo
do bicho, levou o partido a acentuar os conflitos internos no Estado, que podem ter consequências
até mesmo na definição do candidato à sucessão do governador
Olívio Dutra (PT).
As principais tendências do partido - DS (Democracia Socialista), PT Amplo e Articulação de
Esquerda- acentuaram as divergências sobre qual a atitude que o
partido deve tomar em relação ao
comportamento do filiado Diógenes de Oliveira.
Eles estiveram reunidos ontem,
definindo os cinco integrantes da
comissão de ética que começa os
trabalhos amanhã, 12 dias após
ser definida sua criação.
Oliveira é presidente do Clube
de Seguros e da Cidadania, entidade criada por petistas e simpatizantes que está na mira da CPI
por causa de supostas doações irregulares e ligação com o jogo do
bicho.
Uma gravação, revelada pela
comissão, entre Oliveira e um delegado, revela que o presidente do
clube pedia menos rigor na repressão ao jogo do bicho. Ele dizia
falar em nome do governador.
A Articulação de Esquerda queria poupá-lo, com alguns dos seus
integrantes pretendendo evitar
até mesmo a abertura de processo
interno contra ele. Acreditam assim marcar posição do partido
contra uma CPI que consideram
ter apenas "ambição política".
Já os integrantes da DS, corrente
radical que é majoritária no governo gaúcho, queriam sua expulsão sumária. Do PT Amplo, moderado, surgia a proposta de uma
definição negociada para o futuro
de Oliveira.
A comissão pode definir pela
advertência, suspensão ou expulsão do filiado. Publicamente, o
único a defender que Oliveira deixe o partido-em decisão própria- é o deputado federal Marcos Rolim (Tendência Humanista), que foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara.
Ao acentuar as divergências sobre o caso de Oliveira, os integrantes das principais tendências
do partido também acreditam em
um embate maior na definição do
nome à sucessão do governador.
Os dois nomes que despontam
para serem candidatos ao governo são o do próprio Olívio e o do
prefeito de Porto Alegre, Tarso
Genro.
A Articulação de Esquerda, no
espectro de facções petistas, tem
sido o ""fiel da balança" nas prévias. Apoiou Olívio para ser candidato ao governo e Tarso para
ser prefeito. Essa vocação pode
ser também determinante para o
futuro de Oliveira no partido. Na
hipótese de isso ocorrer, ele não
será expulso.
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