São Paulo, domingo, 11 de novembro de 2001

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Alunos de direito acompanham caso

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Centenas de alunos de direito -a maioria jovens de idade e nível social semelhantes aos dos réus- lotaram as cadeiras, corredores e escadas do auditório do Tribunal do Júri do Fórum de Brasília na madrugada de ontem e transformaram o julgamento do caso pataxó em uma mistura de aula prática e espetáculo.
Às 3h, quando os sete jurados decidiam a situação dos quatro acusados, em sala secreta contígua ao auditório, o acesso foi liberado para os estudantes que pressionavam para entrar.
Atentos aos argumentos de doutrina jurídica, os alunos acompanhavam em silêncio os discursos dos advogados. Nos intervalos, fervilhavam discussões. Cerca de 30 alunos que ainda esperavam na fila para entrar questionavam os que saíam: "Como está indo?". Outros pediam novidades dos colegas que estavam no auditório por telefone celular.
Durante uma pausa nos depoimentos das testemunhas, na quinta-feira, um aluno do quinto semestre de direito abordou o promotor Maurício Miranda, que também leciona, para sugerir uma atuação mais agressiva nos interrogatórios. "Ele não tem trabalhado bem as testemunhas", avaliou Bruno Frota, 22.
Para outros, as disputas de eloquência pelo convencimento dos jurados era puro divertimento. "Isso é como um show. Eu vim para me divertir. Fiquei tão empolgado no outro dia que nem consegui dormir", disse Márcio Tasso, 18, aluno de direito do primeiro semestre.
De acordo com um segurança do tribunal, o auditório quase sempre fica vazio durante os julgamentos "normais", mas às vezes advogados que são professores pedem a presença de alunos em seus julgamentos.
No local, apenas um banheiro masculino e outro feminino estavam disponíveis para as cerca de 350 pessoas.
A platéia chegou a dividir com os jurados a atenção da acusação e da defesa. Os advogados às vezes se distanciavam das sete pessoas designadas para decidir o caso e discursavam diretamente para o público presente, que reagia prontamente aos argumentos, levando a juíza Sandra de Santis a tocar a campainha.



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