São Paulo, segunda-feira, 11 de novembro de 2002

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FHC não quer "comer" Lula nem em 2006

DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Fernando Henrique Cardoso sorve com tanto gosto a sua última viagem à Europa como presidente da República que conseguiu resistir até a uma provocação da Folha, após o almoço de ontem no restaurante Porto de Santa Maria, especializado em frutos do mar.
"Comeu lula ou deixou para 2006?", brincou o enviado da Folha. "Em 2006, quero estar descansando", respondeu FHC à mesa que compartilhou com a mulher, as duas netas gêmeas, o casal Maria Helena e José Gregori (embaixador em Lisboa), o chanceler Celso Lafer e sua irmã. Comeram, todos, robalo ao sal (preço no cardápio: 49 euros, algo em torno de R$ 176).
O almoço fechou uma manhã de turista acidental, mas perfeita, para o presidente e sua comitiva: o porto de Santa Maria fica na praia do Guincho (Cascais, a 25 km de Lisboa), uma das mais belas praias da costa lisboeta, com direito à vista para a imensidão do Atlântico.
Antes, o presidente estivera no mirante da Graça, na parte antiga de Lisboa, programa típico de turista, e visitara, bem ao lado, a casa alugada pelo embaixador João Augusto de Médicis, secretário-geral da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Da sacada, vê-se boa parte de Lisboa.
Dali, FHC foi para o "Pavilhão Chinês", uma mercearia de 1901, transformada, em 1987, em bar/café/bilhar enfeitado por milhares de miniaturas das mais diferentes peças.
Entre elas, uma medalha de "Herói da Revolução" (soviética), que o dono, Luís Pinto Coelho, comprou em Berlim, após a liquidação do império (e do orgulho) da União Soviética. FHC sentou-se ao bar, tomou vinho, lambiscou queijo da Serra (de ovelha) e convidou Joana e Helena, as netas gêmeas de 16 anos, para que posassem para fotos com ele e o dono. Não quiseram.
"Assim vocês não vão ser vereadoras", reclamou o avô-presidente. Ainda antes do almoço, FHC visitou o museu da Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, casal de artistas, ele húngaro, ela portuguesa, que exibia exposição do museu Morandi, de Bolonha.
Embora não tenha mostrado disposição para comer lulas, FHC não deixou de reclamar do partido do Lula com a letra "L" maiúscula: "Se um partido como o PSDB fizer com o governo do presidente Lula o que o partido do presidente Lula fez comigo não fica bem", declarou o presidente.
Completou: "O PT agora vai ter que fazer com que os petistas votem a favor daquilo que votaram contra e retirem de pauta aquilo que estavam propondo. Não é bom isso. O PSDB não precisa fazer essa ginástica para ser oposição". (CLÓVIS ROSSI)


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