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FHC não quer "comer" Lula nem em 2006
DO ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
Fernando Henrique Cardoso
sorve com tanto gosto a sua última viagem à Europa como
presidente da República que
conseguiu resistir até a uma
provocação da Folha, após o
almoço de ontem no restaurante Porto de Santa Maria, especializado em frutos do mar.
"Comeu lula ou deixou para
2006?", brincou o enviado da
Folha. "Em 2006, quero estar
descansando", respondeu FHC
à mesa que compartilhou com
a mulher, as duas netas gêmeas, o casal Maria Helena e
José Gregori (embaixador em
Lisboa), o chanceler Celso Lafer e sua irmã. Comeram, todos, robalo ao sal (preço no
cardápio: 49 euros, algo em torno de R$ 176).
O almoço fechou uma manhã
de turista acidental, mas perfeita, para o presidente e sua comitiva: o porto de Santa Maria
fica na praia do Guincho (Cascais, a 25 km de Lisboa), uma
das mais belas praias da costa
lisboeta, com direito à vista para a imensidão do Atlântico.
Antes, o presidente estivera
no mirante da Graça, na parte
antiga de Lisboa, programa típico de turista, e visitara, bem
ao lado, a casa alugada pelo
embaixador João Augusto de
Médicis, secretário-geral da
CPLP (Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa). Da sacada, vê-se boa parte de Lisboa.
Dali, FHC foi para o "Pavilhão Chinês", uma mercearia
de 1901, transformada, em
1987, em bar/café/bilhar enfeitado por milhares de miniaturas das mais diferentes peças.
Entre elas, uma medalha de
"Herói da Revolução" (soviética), que o dono, Luís Pinto
Coelho, comprou em Berlim,
após a liquidação do império (e
do orgulho) da União Soviética. FHC sentou-se ao bar, tomou vinho, lambiscou queijo
da Serra (de ovelha) e convidou
Joana e Helena, as netas gêmeas de 16 anos, para que posassem para fotos com ele e o
dono. Não quiseram.
"Assim vocês não vão ser vereadoras", reclamou o avô-presidente. Ainda antes do almoço, FHC visitou o museu da
Fundação Arpad Szenes-Vieira
da Silva, casal de artistas, ele
húngaro, ela portuguesa, que
exibia exposição do museu
Morandi, de Bolonha.
Embora não tenha mostrado
disposição para comer lulas,
FHC não deixou de reclamar
do partido do Lula com a letra
"L" maiúscula: "Se um partido
como o PSDB fizer com o governo do presidente Lula o que
o partido do presidente Lula fez
comigo não fica bem", declarou o presidente.
Completou: "O PT agora vai
ter que fazer com que os petistas votem a favor daquilo que
votaram contra e retirem de
pauta aquilo que estavam propondo. Não é bom isso. O
PSDB não precisa fazer essa ginástica para ser oposição".
(CLÓVIS ROSSI)
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