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POLÍTICA EXTERNA
Ministro descarta integração militar da América do Sul, mas reforça base de São Gabriel da Cachoeira
Viegas envia mais soldados à Amazônia
GABRIELA ATHIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro José Viegas (Defesa)
descartou ontem a possibilidade
de o Brasil propor aos seus vizinhos a integração militar dos países da América do Sul. A idéia foi
defendida anteontem pelo ministro José Dirceu (Casa Civil) durante o 4º Foro Iberoamérica, que
se realizou na cidade de Campos
de Jordão, interior de São Paulo.
Viegas afirmou, porém, que governo vai fortalecer a base militar
de São Gabriel da Cachoeira
(AM), perto da fronteira com a
Colômbia, enviando um reforço
de 3.000 homens. Reiterou, no entanto, que isso não significa que o
Brasil vá mandar tropas para a
Amazônia colombiana. "Não estamos falando de utilização conjunta das Forças Armadas na
América do Sul. Estamos falando
em estabilidade para evitar necessidade do envio de forças estrangeiras à região", declarou.
Viegas afirmou que é importante que os países da América do Sul
sejam autônomos no que diz respeito à defesa "para prescindirmos de qualquer apoio externo".
Polêmica
No Foro Iberoamérica, que reuniu empresários, intelectuais, acadêmicos e representantes de países ibéricos e latino-americanos,
Dirceu declarou que "não é possível imaginar-se o futuro da América Latina sem os Estados Unidos, mas também não é possível
os Estados Unidos permanecerem nessa postura hegemônica".
Apesar de dizer que a idéia ainda é uma "heresia" na região, Dirceu defendeu a integração militar
da América do Sul. Segundo relato do jornal "O Globo", o chefe da
Casa Civil disse que, se os países
da América Latina não se unirem
para ajudar a Colômbia, que há 40
anos enfrenta a guerrilha das Farc
(Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), "os Estados
Unidos ocuparão a Colômbia. E,
se ocuparem, não sairão de lá jamais. Isso quer dizer que estarão
ocupando a Amazônia", afirmou.
Os Estados Unidos são os principais aliados do governo da Colômbia no combate às Farc. São
eles que financiam o Plano Colômbia, que é o principal programa militar e econômico de combate à guerrilha e ao narcotráfico.
Viegas afirmou desconhecer
que os Estados Unidos tenham a
intenção de invadir a Amazônia
colombiana: "Não conheço nenhum propósito das Farc de invadir o território brasileiro".
Para tentar amenizar o impacto
das declarações do ministro-chefe
da Casa Civil, Viegas afirmou que
o Brasil está conversando com os
vizinhos sobre a formação de
uma espécie de "pool de compradores" para baratear os custos de
aquisição de equipamentos militares, como aviões e carros de
combate. Mas disse que as conversas estão em estágio inicial.
Sem recursos
Na verdade, o Ministério da Defesa tem poucos recursos para
comprar novos equipamentos. A
maior parte de seu orçamento está comprometido com o pagamento de salários.
Segundo Viegas, cerca de 50%
dos equipamentos do Exército, da
Aeronáutica e da Marinha não estão em condições de serem utilizados. "Cinquenta por cento [dos
equipamentos] estão impossibilitados de voar [no caso da Aeronáutica] e de navegar [no caso da
Marinha]". O ministro disse que
amanhã vai se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar, entre outras coisas, do
Orçamento de sua pasta para
2004.
"Precisamos de mais dinheiro,
mas não é para jogar bomba em
ninguém", afirmou Viegas. Segundo ele, "Forças Armadas bem
preparadas e o incentivo à indústria de defesa não são perdas de
recursos, e sim ganhos para qualquer país", declarou.
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