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GOVERNO
Tribunal vê excesso de saques em dinheiro; Casa Civil promete ajustes
TCU aponta falhas no uso de
cartões de crédito do Planalto
JULIA DUAILIBI
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tribunal de Contas da União
identificou falhas no uso dos cartões de crédito corporativos da
Presidência e determinou ao governo federal alterações nas regras para tornar a prática mais
transparente. Uma das principais
"impropriedades" listadas foi o
excesso de saques em dinheiro
feitos pelos usuários dos cartões.
O Ministério Público Federal
instaurou procedimento administrativo para apurar eventuais
irregularidades. A Folha apurou
que procuradores já obtiveram
uma resposta da Casa Civil, mas a
consideraram insatisfatória. O
pedido foi refeito. Caso as dúvidas
não sejam esclarecidas, os procuradores entrarão com uma ação.
O secretário-executivo da Casa
Civil, Swendenberg Barbosa, disse que o relatório do TCU ajudará
na "ampliação" do uso do cartão:
"O relatório não fala em má-fé. Se
há problemas, ajusta-se".
Segundo a auditoria do tribunal, o uso do cartão, como é feito
hoje, pode proporcionar a fuga de
licitação e dificultar o controle das
despesas. Foram detectadas divergências nos órgãos do próprio
governo quanto ao crédito disponibilizado aos usuários dos cartões de crédito. "Não se observa
uma disciplina rígida de concessão e revogação de limites de crédito dos cartões em poder dos
portadores, prática necessária para reduzirem-se os riscos de uso
indevido ou não autorizado dos
cartões", diz o TCU no relatório.
Os cartões de crédito corporativos são usados por servidores para aquisição de passagens aéreas e
compras de materiais e serviços
de pronto pagamento e de entrega imediata, segundo decreto de
2001. São geralmente usados para
pagar despesas de pequeno valor.
As despesas por cartão aumentaram a partir de 2002, quando as
faturas pagas à administradora
somaram R$ 2,4 milhões. Já em
2003, o valor passou para R$ 3,8
milhões e, em 2004, até agosto,
para R$ 3,9 milhões. Não estão incluídos os saques efetuados pelos
servidores. As despesas totais,
com os saques, totalizaram, em
2004, até agosto, R$ 8,9 milhões.
O TCU diz que os valores registrados no Siafi "estão significativamente aquém da movimentação efetivamente realizada pelas
unidades gestoras". A conta não
permite discriminar os saques
dos pagamentos de faturas: "A
realização de saques tem viabilizado procedimentos impróprios,
como pagamentos sem prévia liquidação da despesa, manutenção de recursos do Tesouro em
poder do portador até a data da
efetiva realização da despesa, ressarcimento de despesas pagas por
outros meios, como cheques ou
cartões de crédito de terceiros".
A auditoria do TCU foi feita a
partir de representações do deputado federal Alberto Goldman
(PSDB-SP), do deputado distrital
Augusto Carvalho (PPS-DF) e do
senador José Jorge (PFL-PE).
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