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Liminar salva Poleto de prisão na CPI
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após a divulgação da gravação
que contrariava a versão dada minutos antes por Vladimir Poleto, a
sessão da CPI dos Bingos foi marcada por uma intensa articulação
dos senadores para buscar uma
forma de efetuar a prisão do ex-assessor do ministro Antonio Palocci por falso testemunho.
O discurso dos senadores era
unânime que, se Poleto não estivesse respaldado por um habeas
corpus, teria saído preso da sessão. Os parlamentares esbarraram, porém, numa liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal que blindava Poleto contra
um eventual pedido de prisão caso mentisse ou se recusasse a responder determinada pergunta.
Diante do impasse, os senadores se mobilizaram para aprovar
requerimentos que conduzissem
à prisão do ex-assessor nos próximos dias. Aprovaram dois: um
deles solicita à Polícia Federal o
indiciamento de Poleto por falso
testemunho à CPI. O outro requer
que o Ministério Público peça a
prisão preventiva dele com base
no confronto das versões da gravação feita pela revista "Veja" e
das notas taquigráficas da sessão
de ontem da CPI.
A comissão também aprovou a
formação de um grupo de senadores encarregados de buscar informações sobre o caso na Embaixada de Cuba. Os senadores querem saber se de fato o país doou
bebidas ao Brasil e se se tratava de
uma transação legal.
A exibição das gravações que
expunham contradições, além
das recusas em série de Poleto a
responder às perguntas fizeram
com que os senadores partissem
para piadas. Heráclito Fortes
(PFL-PI) e Magno Malta (PL-ES),
por exemplo, questionaram mais
de uma vez se Poleto estava "bêbado também" cada vez que dizia
não se lembrar de algo ou incapaz
de reconhecer sua voz em determinado diálogo gravado.
"O senhor é um cara de pau incrível", disse Tasso Jereissati
(PSDB-CE), para quem o depoimento de Poleto "foi o pior que já
presenciou". "Preciso de 24 horas
para maturá-lo, mas foi um dia
ruim para Palocci", afirmou.
Ao final da sessão, o senador
Demóstenes Torres (PFL-GO)
chegou a questionar a ausência de
senadores da base governista para
defender o ministro da Fazenda.
"Cadê a tropa de choque para defender o Palocci?", disse. No momento, o único membro da base
era Eduardo Suplicy (PT-SP).
"O depoimento surpreendeu a
todos. Nunca vi uma pessoa dizer
uma coisa e minutos depois ser
mostrada uma coisa completamente diferente. Esperava-se que
ele tivesse o mínimo de coerência.
Defender o Poleto hoje é defender
o indefensável", afirmou o relator
da CPI, Garibaldi Alves (PMDB-RN).
(SN e LC)
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