São Paulo, sexta-feira, 11 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI NA MIRA

Advogado diz que Palocci sabia de doação de bingos e que foi consultado sobre como trazer dinheiro do exterior; oposição desiste de preservar ministro

Buratti reafirma acusação sobre caso Cuba

DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


Em seu quarto depoimento no Congresso, o advogado Rogério Buratti reafirmou ontem à CPI dos Bingos ter sido consultado sobre "mecanismos" para trazer US$ 3 milhões de Cuba ao Brasil a pedido do ministro Antonio Palocci (Fazenda). Segundo o advogado, o dinheiro seria usado para pagamento da campanha que elegeu Lula à Presidência em 2002.
Disse que o ministro tinha conhecimento da doação de R$ 1 milhão que donos de casas de bingo teriam feito à campanha do PT à Presidência, mas não sabia se o dinheiro "foi por fora ou por dentro", em referência ao caixa dois.
Antes de ouvir o advogado, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) sugeriu a retirada do requerimento de convocação de Palocci, mas os senadores da CPI decidiram esperar a ida do ministro à Comissão de Assuntos Econômicos, no dia 22, para votar ou não o pedido. Para o senador José Jorge (PFL-PE), o ministro deve explicações: "Tentamos sempre preservar o ministro Palocci para que a crise política não afetasse a economia, mas as acusações estão se acumulando. O que tínhamos de preservar, já preservamos".
No depoimento, Buratti disse não ter sido uma "testemunha ocular" do suposto envio dos dólares cubanos, mas relatou ter sido consultado por Ralf Barquete, ex-secretário de Palocci na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), sobre "mecanismos para trazer recursos do exterior para o Brasil". Barquete morreu de câncer em 2004.
"Fui consultado, em 2002, pelo Ralf Barquete, dizendo ser a pedido do então prefeito Palocci, se eu conhecia algum mecanismo, alguma forma de trazer recursos do exterior para o Brasil. Esses recursos, pelo que me foi informado na época, seriam advindos de Cuba", disse. "Textualmente, fui consultado pelo sr. Ralf Barquete, dizendo ser a pedido do ministro."
Buratti disse ter respondido à "consulta" de Barquete dizendo que ou ele internava o dinheiro pelo BC ou por doleiros. A consulta teria sido em maio ou junho de 2002. Disse "ter tido contato novamente com o assunto" em setembro do mesmo ano, quando Barquete teria dito "que aqueles recursos tinham chegado".
"Entendi, pela informação que o Ralf me passou, que o desfecho teria sido o aporte dos recursos no Brasil, na campanha do presidente Lula. Agora, de que forma teria sido e qual o montante preciso, não tive essa informação".
O depoimento de Buratti marcou a entrada da CPI dos Bingos no caso Cuba. Segundo a "Veja", Buratti e Vladimir Poleto teriam relatado a operação do transporte do dinheiro de Brasília a Campinas (SP) em caixas de bebida.
Buratti envolveu Palocci num suposto caixa dois do PT com dinheiro de bingos. Disse que o dinheiro acabou nas mãos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e, além de Palocci, sugeriu que José Dirceu e Lula sabiam de tudo: "Acredito que sim". (SN E LC)


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