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Maiores doadoras a eleitos no Congresso são empreiteiras
Empresas do setor destinaram R$ 24,1 milhões a 254 deputados e 15 senadores
Siderúrgicas e mineradoras vêm atrás; grupo Vale do Rio Doce contribuiu com R$ 6,8 milhões para campanhas vitoriosas ao Legislativo
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empreiteiras de diversos Estados do país foram as principais doadoras das campanhas
vitoriosas ao Congresso Nacional entre as empresas cujo ramo de atividade pode ser identificado nas prestações de contas dos eleitos entregues à Justiça Eleitoral. No total, 254 deputados e 15 senadores declararam terem recebido ao menos
R$ 24,1 milhões desse setor.
O número de eleitos que recebeu alguma quantia de construtoras representa quase metade das vagas que estavam em
disputa para a Câmara (513) e o
Senado (27). Essas doações
abrangem praticamente todos
os partidos cujos eleitos entregaram a contabilidade à Justiça
Eleitoral dentro do prazo.
Os números mostram preferência das empreiteiras por
três siglas: PMDB, PT e PSDB,
justamente as maiores bancadas da Casa a partir do ano que
vem. Os eleitos por essas siglas
receberam cerca de R$ 12 milhões das construtoras.
Encabeçam a lista das empreiteiras que mais desembolsaram a Camargo Corrêa (R$
2,2 milhões), a Construtora
OAS (R$ 1,9 milhão) e a Barbosa Melo (R$ 1 milhão). A maioria dos deputados que recebeu
dinheiro da OAS é de São Paulo.
O levantamento do perfil dos
doadores por bancada foi feito
pela Folha a partir da base de
dados brutos e parciais do Tribunal Superior Eleitoral. Como
o tribunal não exige que a prestação de contas informe a natureza do ramo empresarial, só
foi possível analisar aquelas em
que a atividade está explícita.
Daí a explicação para os doadores da maior parte dos recursos
não terem sido rastreados. Na
maioria dos casos, a contabilidade informa apenas se tratar
de pessoa jurídica, mas não diz
a natureza da ocupação.
Na Câmara, dos 513 eleitos,
18 não prestaram contas ao tribunal. No Senado, todos os 27
senadores entregaram os relatórios. Segundo o TSE, entretanto, qualquer dado ainda pode ser corrigido ou somado.
De acordo com os dados fornecidos pelo TSE, os 495 deputados eleitos que prestaram
contas informaram terem arrecadado um total de R$ 249 milhões. No Senado, os 27 que assumem mandato no ano que
vem disseram ter recolhido
R$ 37,4 milhões.
Outros doadores
A análise mostra que outros
doadores majoritários foram
mineradoras, metalúrgicas, siderúrgicas, bancos, petroquímicas, usinas de álcool e açúcar, empresas ligadas ao agronegócio e pecuária, além da
Bolsa de Valores de São Paulo.
As mineradoras investiram
ao menos R$ 8 milhões, com
destaque para subsidiárias da
Vale do Rio Doce -Caemi, Urucum e Mineradoras Brasileiras
Reunidas- que, juntas, financiaram parte das campanhas de
51 deputados e três senadores,
com investimento de R$ 6,8
milhões. A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração doou R$ 1,1 milhão para 12
deputados e dois senadores. A
CSN doou R$ 500 mil ao ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE).
As siderúrgicas identificadas
desembolsaram R$ 10,4 milhões na eleição de parlamentares. Os maiores financiadores
nessa área foram o grupo Gerdau, com R$ 2,4 milhões, e a
Belgo, com R$ 1,1 milhão.
Uma das maiores contribuições individuais foi a da empresa Centroalcool para o deputado Roberto Balestra (PP-GO).
Ele recebeu R$ 1,1 milhão. Balestra é agropecuarista e até fevereiro deste ano foi secretário
de Agricultura de Goiás.
O levantamento da Folha
identificou um total de R$ 33,5
milhões repassados para os
congressistas eleitos por meio
de comitês financeiros ou diretórios partidários. Esses dados
não são abertos na contabilidade dos parlamentares e constam apenas da prestação isolada de cada comitê.
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