São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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Recepção ao petista em 1994 foi menos cordial

DA REDAÇÃO

Em maio de 1994, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou os EUA quando ainda liderava as pesquisas de intenção de voto. Empresários e banqueiros americanos lotaram os lugares disponíveis para os dois encontros agendados, mas a recepção foi bem menos cordial.
Logo ao chegar, em 8 de maio, Lula declarou que iria "renegociar a dívida externa" com os bancos credores privados: "Vamos renegociar, rediscutir o acordo que foi acertado. Achamos que foi um acordo feito às pressas", disse.
Sobre as aplicações de investidores estrangeiros nas bolsas, Lula disse que seu governo tentaria "trabalhar para que eles não sejam investimentos de curto prazo, mas de longo prazo, para gerar empregos": "A especulação não é boa nem com o capital estrangeiro nem com o capital brasileiro".
No dia seguinte, Lula encontrou-se ontem à tarde com 37 empresários americanos no Conselho das Américas, em Nova York, e foi bombardeado por perguntas sobre a dívida externa. O candidato do PT repetiu várias vezes que queria renegociar o acordo da dívida fechado em abril e estabelecer condições mais favoráveis ao Brasil nas próximas negociações.
"Sr. Lula, é verdade que o senhor pretende fechar as bolsas de valores no Brasil?", foi uma das questões levantadas. Lula negou.
No dia 12, Lula almoçou na Câmara Brasil-Estados Unidos de Comércio. Assim que chegou, Lula foi abordado pelo vice-presidente do Citibank, William Rhodes, que quis saber, de pé e no meio do saguão, o que Lula andava dizendo sobre o acordo da dívida externa: "O sr. vai honrar o acordo?", perguntou Rhodes. "O acordo foi péssimo para o Brasil, mas como o Senado aprovou, esta parte está acordada", disse Lula.
Na saída, os empresários criticaram Lula: "Este senhor está querendo voltar ao passado. Ele pode ser um desastre", disse um empresário. "Lula vê as coisas de uma forma muito prática, o que é extraordinário, mas parece faltar competência e formação econômica", disse Alex Erlach, diretor do Union Bank of Switzerland.


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