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Recepção ao petista em 1994 foi menos cordial
DA REDAÇÃO
Em maio de 1994, Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) visitou os EUA
quando ainda liderava as pesquisas de intenção de voto. Empresários e banqueiros americanos lotaram os lugares disponíveis para
os dois encontros agendados, mas
a recepção foi bem menos cordial.
Logo ao chegar, em 8 de maio,
Lula declarou que iria "renegociar
a dívida externa" com os bancos
credores privados: "Vamos renegociar, rediscutir o acordo que foi
acertado. Achamos que foi um
acordo feito às pressas", disse.
Sobre as aplicações de investidores estrangeiros nas bolsas, Lula disse que seu governo tentaria
"trabalhar para que eles não sejam investimentos de curto prazo,
mas de longo prazo, para gerar
empregos": "A especulação não é
boa nem com o capital estrangeiro nem com o capital brasileiro".
No dia seguinte, Lula encontrou-se ontem à tarde com 37 empresários americanos no Conselho das Américas, em Nova York,
e foi bombardeado por perguntas
sobre a dívida externa. O candidato do PT repetiu várias vezes que
queria renegociar o acordo da dívida fechado em abril e estabelecer condições mais favoráveis ao
Brasil nas próximas negociações.
"Sr. Lula, é verdade que o senhor pretende fechar as bolsas de
valores no Brasil?", foi uma das
questões levantadas. Lula negou.
No dia 12, Lula almoçou na Câmara Brasil-Estados Unidos de
Comércio. Assim que chegou, Lula foi abordado pelo vice-presidente do Citibank, William Rhodes, que quis saber, de pé e no
meio do saguão, o que Lula andava dizendo sobre o acordo da dívida externa: "O sr. vai honrar o
acordo?", perguntou Rhodes. "O
acordo foi péssimo para o Brasil,
mas como o Senado aprovou, esta
parte está acordada", disse Lula.
Na saída, os empresários criticaram Lula: "Este senhor está
querendo voltar ao passado. Ele
pode ser um desastre", disse um
empresário. "Lula vê as coisas de
uma forma muito prática, o que é
extraordinário, mas parece faltar
competência e formação econômica", disse Alex Erlach, diretor
do Union Bank of Switzerland.
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