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PASSADO NO BC
Índices aplicados no período não foram superados desde então
Bodin operou altas taxas de juros
GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um dado da biografia de Pedro
Bodin alimenta resistências internas no PT à indicação de seu nome para presidir o Banco Central
no governo Lula: em sua passagem pela diretoria de Política Monetária do BC, no governo Collor,
Bodin operou taxas de juros que
desde então não foram superadas.
Segundo a Folha apurou, isso
representa um incômodo adicional para setores próximos à cúpula petista que já não aceitavam
com facilidade a decisão de procurar um nome do mercado para
o BC -Bodin é do Icatu.
A passagem de Bodin pelo BC
vai de 31 de maio de 1991 a 30 de
novembro de 1992. Ele fazia parte
da equipe econômica comandada
por Marcílio Marques Moreira,
ministro da Economia, e Francisco Gros, presidente do BC.
Após os fracassos dos planos
Collor e Collor 2 e a queda de Zélia
Cardoso de Mello, a inflação voltava a sair do controle.
Nesse período de 18 meses, a taxa Selic foi, em média, de estratosféricos 38,3% anuais acima do IPCA, índice hoje usado para as metas de inflação do governo. No
ano de 92, os juros reais acumulados foram de 35,3% -nos últimos 15 anos, a taxa anual que
mais se aproximou desse recorde
foi a de 26,7% em 99.
O choque de juros foi iniciado
em setembro de 91, quando o governo iniciava a devolução dos
cruzados novos bloqueados pelo
Plano Collor. Temia-se um impulso maior da inflação.
Na época, como era muito difícil prever a variação dos preços,
os juros frequentemente ficavam
negativos, isto é, abaixo da inflação. A influência dos economistas
heterodoxos, que relegavam a segundo plano os mecanismos tradicionais de controle da inflação,
também contribuía para segurar
as taxas do BC.
A gestão de Marcílio, Gros e Bodin marcou uma ruptura com a
heterodoxia na política econômica brasileira. O novo discurso
prometia recuperar a moeda com
ajuste fiscal e juros altos, sem confiscos ou congelamentos. Os resultados do "Plano Nada", como
foi apelidada a estratégia, foram
modestos. Sem apoio político para reformas das contas públicas,
restou ao governo "estabilizar" a
inflação perto dos 20% mensais.
Mas a política de juros altos
-mantida, com breves interrupções, até hoje- tinha outra finalidade, na qual o desempenho foi
muito mais efetivo: atrair o capital
externo, que na época vivia um
período de euforia com os mercados ditos emergentes, e engordar
as reservas em dólar do BC.
Contribuía para essa política a
liberalização das transações do
país com o resto do mundo, conduzida por Armínio Fraga, e os
trabalhos de renegociação da dívida externa, a cargo do hoje ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Foi o crescimento das reservas
em dólar do BC que permitiu, em
94, o lançamento do Plano Real,
combinando a heterodoxia do
câmbio fixo e a ortodoxia dos juros altos.
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