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DEU NO "NYT"
Jornal havia dito que Brasil deu dinheiro a ditador
Diário dos EUA admite exagero ao interpretar a fortuna de Pinochet
FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON
Deu no "New York Times". Mas
estava errado.
Três dias após publicar reportagem na qual afirmava que o Brasil
e outros países deram dinheiro ao
ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-90), o jornal publicou
ontem uma nota na qual admite
ter exagerado ao interpretar os
documentos que originaram a reportagem, co-assinada pelo correspondente no Rio Larry Rohter.
"Embora os documentos no Senado [americano] indiquem que
o general Pinochet tenha recebido
pagamentos relacionados a trabalhos oficiais que ele conduziu no
exterior, eles não identificam, em
alguns casos, a origem desses pagamentos", diz a correção, publicada na página A2 sob o título
"Nota dos Editores".
Publicada na terça-feira, a reportagem "EUA e outros doaram
milhões a Pinochet" afirma que o
ex-ditador teria recebido um "pagamento combinado de US$ 3
milhões do Reino Unido, da Malásia e do Brasil", em 1995.
O principal documento no qual
se baseia a reportagem foi entregue pelo Banco Riggs a uma comissão do Senado americano que
investigava lavagem de dinheiro.
Com o timbre do Ministério da
Defesa, o documento tentava justificar a fortuna secreta do ex-ditador no banco, estimada em até
US$ 8 milhões.
A retificação foi publicada após
a Folha ter questionado o "NYT",
na terça e na quarta-feira, sobre as
informações. Ontem, uma porta-voz do "NYT" ligou à reportagem
para informar sobre a retificação.
A interpretação do "NYT" foi
refutada pela imprensa e por especialistas chilenos. Para eles, o
documento buscava provar que
os rendimentos de Pinochet incluíam milhões de dólares pagos
pelo governo chileno na forma de
diárias por viagens ao exterior.
Em maio, uma reportagem de
Rohter provocou polêmica no
Brasil ao afirmar que o "hábito de
bebericar" de Lula havia se tornado uma "preocupação nacional".
A reportagem foi duramente criticado pelo governo e até pela oposição. O governo brasileiro chegou a suspender o visto do jornalista, mas sob críticas, recuou.
No Chile, a reportagem co-assinada por Rohter provocou fenômeno semelhante: tanto os advogados de Pinochet quanto seus
adversários afirmaram que o documento fora mal interpretado.
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