São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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DEU NO "NYT"

Jornal havia dito que Brasil deu dinheiro a ditador

Diário dos EUA admite exagero ao interpretar a fortuna de Pinochet

FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON

Deu no "New York Times". Mas estava errado.
Três dias após publicar reportagem na qual afirmava que o Brasil e outros países deram dinheiro ao ex-ditador chileno Augusto Pinochet (1973-90), o jornal publicou ontem uma nota na qual admite ter exagerado ao interpretar os documentos que originaram a reportagem, co-assinada pelo correspondente no Rio Larry Rohter.
"Embora os documentos no Senado [americano] indiquem que o general Pinochet tenha recebido pagamentos relacionados a trabalhos oficiais que ele conduziu no exterior, eles não identificam, em alguns casos, a origem desses pagamentos", diz a correção, publicada na página A2 sob o título "Nota dos Editores".
Publicada na terça-feira, a reportagem "EUA e outros doaram milhões a Pinochet" afirma que o ex-ditador teria recebido um "pagamento combinado de US$ 3 milhões do Reino Unido, da Malásia e do Brasil", em 1995.
O principal documento no qual se baseia a reportagem foi entregue pelo Banco Riggs a uma comissão do Senado americano que investigava lavagem de dinheiro.
Com o timbre do Ministério da Defesa, o documento tentava justificar a fortuna secreta do ex-ditador no banco, estimada em até US$ 8 milhões.
A retificação foi publicada após a Folha ter questionado o "NYT", na terça e na quarta-feira, sobre as informações. Ontem, uma porta-voz do "NYT" ligou à reportagem para informar sobre a retificação.
A interpretação do "NYT" foi refutada pela imprensa e por especialistas chilenos. Para eles, o documento buscava provar que os rendimentos de Pinochet incluíam milhões de dólares pagos pelo governo chileno na forma de diárias por viagens ao exterior.
Em maio, uma reportagem de Rohter provocou polêmica no Brasil ao afirmar que o "hábito de bebericar" de Lula havia se tornado uma "preocupação nacional". A reportagem foi duramente criticado pelo governo e até pela oposição. O governo brasileiro chegou a suspender o visto do jornalista, mas sob críticas, recuou.
No Chile, a reportagem co-assinada por Rohter provocou fenômeno semelhante: tanto os advogados de Pinochet quanto seus adversários afirmaram que o documento fora mal interpretado.


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