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CAMPO MINADO
Um dos sete detidos sob a acusação de matar delegado no Pará diz que Incra os orientou a atirar; o órgão nega
Sem-terra suspeitos de crime são presos
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
A Polícia Civil do Pará prendeu
ontem sete sem-terra suspeitos de
participar da morte do delegado
Aldo Gomes Castro, 48, conhecido como Robocop. Ele foi morto
na terça-feira passada em uma fazenda invadida na divisa de Itupiranga e Novo Repartimento.
Um dos sem-terra presos disse à
imprensa que o grupo foi orientado pelo Incra (Instituto Nacional
de Colonização e Reforma Agrária) em Tucuruí (PA) a atirar em
homens que chegassem armados,
pois podiam ser pistoleiros.
Os cerca de 80 sem-terra que invadiram a fazenda tinham sido
assentados em Tucuruí, mas, descontentes com a área, voltaram a
Novo Repartimento.
"Não existe a menor possibilidade", afirmou o superintendente
substituto do Incra em Marabá,
Ernesto Rodrigues, sobre a suposta orientação para atirar. "Há pessoas que cometem crime e sempre buscam alguém para dar respaldo. A gente está acostumado a
receber acusações assim." O Incra
em Tucuruí está subordinado à
superintendência de Marabá.
Até o encerramento desta edição, o delegado Edvaldo Machado
dos Santos ainda tomava depoimento dos presos, detidos em vilas próximas à fazenda invadida.
O delegado morto tinha ido à fazenda, diz Santos, fazer uma vistoria, após receber queixa da invasão. Líderes dos sem-terra acusaram Castro de ter incendiado barracos de acampamentos em agosto passado, o que Santos nega.
O delegado foi morto com um
tiro no peito. A polícia disse que o
suspeito do disparo está foragido.
Invasão e saque
Um grupo de sem-terra ligados
à Comissão Pastoral da Terra invadiu ontem a superintendência
do Incra em Maceió (AL), pedindo agilidade na reforma agrária e
uma reunião com a superintendência no Estado.
A assessoria do Incra disse que a
superintendência condicionou a
reunião à saída dos agricultores
do prédio, o que não havia ocorrido até o fechamento desta edição.
Anteontem, segundo registro
da Polícia Rodoviária Federal,
cerca de cem sem-terra saquearam uma carga de sete toneladas
de peixe de uma carreta, de Santa
Catarina, na BR-101, próximo ao
município de Messias (AL).
Colaborou SÍLVIA FREIRE, da Agência
Folha
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