São Paulo, sábado, 11 de dezembro de 2004

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CAMPO MINADO

Um dos sete detidos sob a acusação de matar delegado no Pará diz que Incra os orientou a atirar; o órgão nega

Sem-terra suspeitos de crime são presos

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE

A Polícia Civil do Pará prendeu ontem sete sem-terra suspeitos de participar da morte do delegado Aldo Gomes Castro, 48, conhecido como Robocop. Ele foi morto na terça-feira passada em uma fazenda invadida na divisa de Itupiranga e Novo Repartimento.
Um dos sem-terra presos disse à imprensa que o grupo foi orientado pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) em Tucuruí (PA) a atirar em homens que chegassem armados, pois podiam ser pistoleiros.
Os cerca de 80 sem-terra que invadiram a fazenda tinham sido assentados em Tucuruí, mas, descontentes com a área, voltaram a Novo Repartimento.
"Não existe a menor possibilidade", afirmou o superintendente substituto do Incra em Marabá, Ernesto Rodrigues, sobre a suposta orientação para atirar. "Há pessoas que cometem crime e sempre buscam alguém para dar respaldo. A gente está acostumado a receber acusações assim." O Incra em Tucuruí está subordinado à superintendência de Marabá.
Até o encerramento desta edição, o delegado Edvaldo Machado dos Santos ainda tomava depoimento dos presos, detidos em vilas próximas à fazenda invadida.
O delegado morto tinha ido à fazenda, diz Santos, fazer uma vistoria, após receber queixa da invasão. Líderes dos sem-terra acusaram Castro de ter incendiado barracos de acampamentos em agosto passado, o que Santos nega.
O delegado foi morto com um tiro no peito. A polícia disse que o suspeito do disparo está foragido.

Invasão e saque
Um grupo de sem-terra ligados à Comissão Pastoral da Terra invadiu ontem a superintendência do Incra em Maceió (AL), pedindo agilidade na reforma agrária e uma reunião com a superintendência no Estado.
A assessoria do Incra disse que a superintendência condicionou a reunião à saída dos agricultores do prédio, o que não havia ocorrido até o fechamento desta edição.
Anteontem, segundo registro da Polícia Rodoviária Federal, cerca de cem sem-terra saquearam uma carga de sete toneladas de peixe de uma carreta, de Santa Catarina, na BR-101, próximo ao município de Messias (AL).


Colaborou SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha

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