São Paulo, sexta, 11 de dezembro de 1998

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SÃO PAULO
Ausência de Covas pára escolha de secretariado; Assembléia aprova proposta de Orçamento do Estado
Doença impede formação de novo governo

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

A queda na arrecadação do Estado e a tradicional diminuição do ritmo dos trabalhos de uma Assembléia Legislativa em que muitos deputados estão em final de mandato têm ajudado, paradoxalmente, o governo paulista a superar a ausência do governador Mário Covas.
Entre outubro e novembro, a arrecadação do Estado de São Paulo foi cerca de RÏ 340 milhões menor do que a prevista. O fato arrefeceu o apetite de deputados estaduais que pretendiam incluir emendas no Orçamento de 98, aprovado na madrugada de ontem sem muita dificuldade pela base de sustentação de Covas.
Covas não revelou para ninguém, até agora, o secretariado do segundo mandato. Em termos de governo, é esse o maior prejuízo causado até agora pela doença do governador.
Nenhum interlocutor está autorizado para conversar ou formular convites em nome do governador. Alguns dos principais auxiliares de Covas já trabalham com um cenário em que todos os atuais secretários continuem em seus postos depois de 1º de janeiro de 99 (data marcada para a posse) e, só depois que o tucano puder voltar ao trabalho, sejam anunciadas as trocas.
Uma parte da equipe de Covas, no entanto, raciocina que o adiamento de novas indicações poderia passar à população a imagem de um governo paralisado, com danos óbvios. Por isso, essa ala torce para que pelo menos alguns novos secretários sejam anunciados antes do final do ano, até para criar um fato político.
O PSB, que em São Paulo é liderado pela deputada federal eleita Luiza Erundina, deve ser a principal novidade na equipe de Covas.

Projetos
Dois projetos considerados importantes pelo Palácio dos Bandeirantes ainda não foram aprovados pelos deputados estaduais: a emenda constitucional que permitirá a privatização da Comgás e a autorização para que 1% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) continue sendo destinado ao programa de construção de casas populares.
O secretário-chefe da Casa Civil, Fernando Leça, e o vice-governador reeleito, Geraldo Alckmin, são os interlocutores de Covas com os deputados. Alckmin, que viajou para Portugal, tinha retorno previsto para ontem à noite.
Desde que foi hospitalizado, Covas não tem mantido contatos com os parlamentares. Documentos que precisam da assinatura do governador para publicação no "Diário Oficial" são levados ao Incor por Antônio Carlos Malufe, secretário particular do tucano. Malufe leva os papéis de volta ao palácio depois de chancelados pelo governador.



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