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SÃO PAULO
Covas será operado na segunda-feira de manhã
Mancha em osso não é câncer, diz exame
RICARDO GALHARDO
da Reportagem Local
A equipe médica do Incor (Instituto do Coração) marcou para segunda-feira de manhã a cirurgia
para retirada do tumor na bexiga
do governador reeleito de São Paulo, Mário Covas (PSDB), 68.
Ontem foi divulgado o resultado
da biopsia óssea feita na terça. O
exame mostrou que a mancha encontrada no lado esquerdo da bacia do governador não é câncer,
mas, possivelmente, um trauma
provocado por pequena fratura.
Segundo o infectologista David
Uip, médico particular de Covas,
os exames para pesquisa de metástase (quando o câncer se espalha
para outros órgãos) terminaram
ontem, com resultados negativos.
"Hoje (ontem) nós temos uma
forma de afirmar de maneira decisiva que ele (Covas) não tem nenhuma metástase do tumor nas situações investigadas", afirmou.
Os médicos, entretanto, ainda
vão examinar, durante a cirurgia,
os ureteres (canais que ligam os
rins à bexiga) e os gânglios linfáticos (estruturas responsáveis por
parte do sistema de defesa do corpo) do governador para confirmação da inexistência de metástases.
Na hipótese de existência de metástases, a cirurgia seria paliativa.
O urologista Sami Arap, que vai
operar Covas, disse que existem
90% de chances de a cirurgia ser
uma cistoprostatectomia radical
(remoção total da bexiga e da próstata) com reconstrução da bexiga
com partes do intestino. Antes,
Covas passará por uma linfatenectomia pélvica (remoção dos gânglios linfáticos próximos à bexiga).
O objetivo é eliminar totalmente
a doença e reconstruir a bexiga para que o governador possa urinar
naturalmente. O tempo previsto de
duração da cirurgia é de seis a nove
horas, conforme Arap.
"São de 10%, talvez 15%, as chances de que algum fator impeça esse
tipo de solução, mas só na hora da
cirurgia poderemos saber se esse
fator existe", disse Arap.
Segundo o urologista, também
são de 10% as chances de o governador sofrer incontinência urinária após a cirurgia.
Especialistas ouvidos pela Folha
afirmaram que 70% dos pacientes
por volta de 70 anos ficam impotentes após a cirurgia. Outra consequência da intervenção é a certeza de esterilidade causada pela retirada, segundo eles obrigatória,
das vesículas seminais (depósito
de espermatozóides localizado
embaixo da bexiga).
A nova bexiga terá capacidade
entre 500 cm3 e 600 cm3 -volume
equivalente a uma bexiga normal.
Desde ontem o governador é
submetido a lavagens intestinais e
a uma dieta à base de líquidos. O
objetivo é limpar o intestino para
reduzir ao mínimo o risco de infecções. A partir de domingo, véspera
da cirurgia, Covas vai tomar antibióticos profiláticos (remédios que
previnem infecções) para eliminar
os germes do intestino.
Após a cirurgia, Covas deverá
passar 24h na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Incor. "É por
cautela. Será uma operação longa
em um indivíduo safenado. Em geral não é essencial, mas é prudente", disse Arap.
De acordo com ele, caso o câncer
volte após a cirurgia, poderão ser
adotados tratamentos como a quimioterapia (injeção de substâncias
químicas que matam as células
com câncer, mas também eliminam células sadias) ou imunoterapia (método que permite ao organismo combater o surgimento de
novas células com câncer).
O resultado negativo da biopsia
óssea foi definida por David Uip
como "um alívio". Segundo ele,
Covas ficou "muito animado" com
a notícia, e o único fato que abalou
seu humor foi a eliminação do Santos das finais do Brasileiro. Covas é
santista e assistiu o jogo.
Sami Arap brincou com o resultado do jogo ao informar o governador sobre o resultado da biopsia,
ontem de manhã. "Disse a ele que
tinha duas notícias, uma ruim e
outra boa. A ruim era que o Santos
estava mesmo fora das finais e a
boa era que a biopsia foi negativa."
Ontem estiveram no hospital os
atores Sérgio Mamberti e Regina
Duarte e a primeira-dama paulistana, Nicéa Pitta.
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