São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO A 2006

Deputado declara apoio a Greenhalgh na disputa para a presidência da Câmara, mas afirma preferir Virgílio

João Paulo diz estar pronto para governo de SP

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), admitiu ontem pela primeira vez que gostaria de ser candidato ao governo paulista no ano que vem.
Por isso, evita comprar brigas. Ele promete se empenhar na eleição de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) à sua cadeira -embora deixe claro que preferisse Virgílio Guimarães (MG). Elogia o trabalho de Aldo Rebelo na Coordenação Política e diz que não espera ser nomeado ministro, como setores do PT gostariam.
Em retrospectiva, diz se arrepender da batalha da reeleição, talvez inspirado pela leitura do momento, pela qual confessa estar "fascinado": "Dom Quixote de la Mancha", de Miguel de Cervantes. Ele falou ontem na residência oficial da Câmara.
 

Folha - Qual é seu real comprometimento com a campanha de Luiz Eduardo Greenhalgh?
João Paulo Cunha -
O meu engajamento é absoluto na candidatura tirada na bancada do PT, do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Como fiquei fora uma semana, surgiram fofocas colocando dúvidas sobre a minha posição. Mas o próprio Luiz Eduardo sabe que desde o começo me dispus a coordenar a campanha.

Folha - O sr. acredita que ele vá vencer?
João Paulo -
Evidentemente é uma candidatura que tem problemas, que tem de ser construída, muito bem conversada com todos os partidos, com todos os líderes, mas é possível fazer com que ele seja vitorioso.

Folha - No começo, o sr. apoiou Virgílio Guimarães. Achava que era o melhor nome?
João Paulo -
Sempre fiz questão de deixar minhas posições marcadas. Por isso manifestei minha preferência pelo Virgílio, porque achava que era o candidato mais adequado para o partido e para a Câmara naquele momento.
Mas o Luiz Eduardo mostrou outras qualidades, a bancada achou por bem escolhê-lo e, agora, todos nós temos responsabilidade de elegê-lo.

Folha - Na presidência, o sr. por muitas vezes divergiu do Executivo. A relação com o presidente Lula foi boa?
João Paulo -
Foi boa. A Câmara se reafirmou em momentos importantes e sempre melhorou os projetos do Executivo. Todas as vezes que manifestei discordâncias foi para tentar ajudar, nunca para criar dificuldades para o presidente Lula.

Folha - Em 2004 houve problemas na base que atrasaram votações. A articulação política do governo tem de mudar?
João Paulo -
A Câmara votou até agosto medidas importantes. Não votou em setembro e outubro porque era período eleitoral. Em novembro houve um problema na base. A relação da coordenação política com a Câmara foi muito boa. Acho que o ministro Aldo Rebelo foi muito bem e espero que continue assim.

Folha - Seu nome tem sido cotado para assumir um ministério na reforma. Qual é sua expectativa?
João Paulo -
Minha disposição é voltar a exercer meu mandato de deputado, sem a atribuição de presidir a Câmara. O presidente vai poder contar comigo esteja eu em algum cargo ou não.

Folha - A tentativa de aprovar a emenda da reeleição marcou o final de seu mandato. O sr. acha que errou?
João Paulo -
A gente tem de aprender com certos episódios. Hoje eu não repetiria a idéia da reeleição. Não havia unidade no núcleo do PT, não havia unidade no núcleo do governo, não havia unidade no Senado, embora houvesse um movimento de apoio na base da Câmara. Ou seja, era um cenário em que as divergências eram tão ou mais fortes que os apoios.

Folha - O sr. tem a pretensão de disputar no partido a candidatura ao governo de São Paulo?
João Paulo -
O PT tem neste momento a melhor oportunidade de eleger o governador em São Paulo. O PSDB está exaurido, também não tem um nome consolidado. O PT precisa discutir qual é o melhor perfil.
Eu me sinto absolutamente preparado para ser candidato, porque conheço profundamente o Estado, conheço bem o PT, acompanhei todas as eleições desde a disputa de Lula em 1982 e acumulei experiência dirigindo a Câmara dos Deputados.

Folha - Qual é esse perfil?
João Paulo -
Tem de ser alguém que agregue dentro e fora do partido. Agregar não com a força, mas com argumento. Alguém que tenha abertura para ouvir, que perceba que a verdade não tem dono. E, por fim, que possa estar intimamente ligado ao governo do presidente Lula.


Texto Anterior: Servidor público terá alíquota entre 6% e 9%
Próximo Texto: Virgílio mantém mistério sobre sua "candidatura avulsa"
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.