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RUMO A 2006
Deputado declara apoio a Greenhalgh na disputa para a presidência da Câmara, mas afirma preferir Virgílio
João Paulo diz estar pronto para governo de SP
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
O presidente da Câmara, João
Paulo Cunha (PT-SP), admitiu
ontem pela primeira vez que gostaria de ser candidato ao governo
paulista no ano que vem.
Por isso, evita comprar brigas.
Ele promete se empenhar na eleição de Luiz Eduardo Greenhalgh
(PT-SP) à sua cadeira -embora
deixe claro que preferisse Virgílio
Guimarães (MG). Elogia o trabalho de Aldo Rebelo na Coordenação Política e diz que não espera
ser nomeado ministro, como setores do PT gostariam.
Em retrospectiva, diz se arrepender da batalha da reeleição,
talvez inspirado pela leitura do
momento, pela qual confessa estar "fascinado": "Dom Quixote de
la Mancha", de Miguel de Cervantes. Ele falou ontem na residência
oficial da Câmara.
Folha - Qual é seu real comprometimento com a campanha de
Luiz Eduardo Greenhalgh?
João Paulo Cunha - O meu engajamento é absoluto na candidatura tirada na bancada do PT, do deputado Luiz Eduardo Greenhalgh. Como fiquei fora uma semana, surgiram fofocas colocando dúvidas sobre a minha posição. Mas o próprio Luiz Eduardo
sabe que desde o começo me dispus a coordenar a campanha.
Folha - O sr. acredita que ele vá
vencer?
João Paulo - Evidentemente é
uma candidatura que tem problemas, que tem de ser construída,
muito bem conversada com todos
os partidos, com todos os líderes,
mas é possível fazer com que ele
seja vitorioso.
Folha - No começo, o sr. apoiou
Virgílio Guimarães. Achava que era
o melhor nome?
João Paulo - Sempre fiz questão
de deixar minhas posições marcadas. Por isso manifestei minha
preferência pelo Virgílio, porque
achava que era o candidato mais
adequado para o partido e para a
Câmara naquele momento.
Mas o Luiz Eduardo mostrou
outras qualidades, a bancada
achou por bem escolhê-lo e, agora, todos nós temos responsabilidade de elegê-lo.
Folha - Na presidência, o sr. por
muitas vezes divergiu do Executivo. A relação com o presidente Lula
foi boa?
João Paulo - Foi boa. A Câmara
se reafirmou em momentos importantes e sempre melhorou os
projetos do Executivo. Todas as
vezes que manifestei discordâncias foi para tentar ajudar, nunca
para criar dificuldades para o presidente Lula.
Folha - Em 2004 houve problemas
na base que atrasaram votações. A
articulação política do governo
tem de mudar?
João Paulo - A Câmara votou até
agosto medidas importantes. Não
votou em setembro e outubro
porque era período eleitoral. Em
novembro houve um problema
na base. A relação da coordenação política com a Câmara foi
muito boa. Acho que o ministro
Aldo Rebelo foi muito bem e espero que continue assim.
Folha - Seu nome tem sido cotado
para assumir um ministério na reforma. Qual é sua expectativa?
João Paulo - Minha disposição é
voltar a exercer meu mandato de
deputado, sem a atribuição de
presidir a Câmara. O presidente
vai poder contar comigo esteja eu
em algum cargo ou não.
Folha - A tentativa de aprovar a
emenda da reeleição marcou o final de seu mandato. O sr. acha que
errou?
João Paulo - A gente tem de
aprender com certos episódios.
Hoje eu não repetiria a idéia da
reeleição. Não havia unidade no
núcleo do PT, não havia unidade
no núcleo do governo, não havia
unidade no Senado, embora houvesse um movimento de apoio na
base da Câmara. Ou seja, era um
cenário em que as divergências
eram tão ou mais fortes que os
apoios.
Folha - O sr. tem a pretensão de
disputar no partido a candidatura
ao governo de São Paulo?
João Paulo - O PT tem neste momento a melhor oportunidade de
eleger o governador em São Paulo. O PSDB está exaurido, também não tem um nome consolidado. O PT precisa discutir qual é
o melhor perfil.
Eu me sinto absolutamente preparado para ser candidato, porque conheço profundamente o
Estado, conheço bem o PT, acompanhei todas as eleições desde a
disputa de Lula em 1982 e acumulei experiência dirigindo a Câmara dos Deputados.
Folha - Qual é esse perfil?
João Paulo - Tem de ser alguém
que agregue dentro e fora do partido. Agregar não com a força,
mas com argumento. Alguém que
tenha abertura para ouvir, que
perceba que a verdade não tem
dono. E, por fim, que possa estar
intimamente ligado ao governo
do presidente Lula.
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