São Paulo, quarta-feira, 12 de janeiro de 2005

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DANÇA DAS CADEIRAS

Roseana deve ser fortalecida para ocupar uma das pastas

Lula discute hoje reforma ministerial com Sarney e Renan

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discute a reforma ministerial hoje com o presidente do Senado, o peemedebista José Sarney (AP), e com o líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (AL). Peemedebistas, Sarney e Renan tratarão do espaço de seu partido na reforma e da indicação da senadora Roseana Sarney (MA), licenciada do PFL, para o primeiro escalão.
Evoluiu nos últimos dias a articulação para que Roseana, filha de Sarney, vire ministra. Além de Sarney e Renan, o ministro da Casa Civil, José Dirceu, e o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante, apadrinham a nomeação.
A pasta específica ainda é uma incógnita. A senadora esnobou o Planejamento e espalhou que deseja Cidades, o que desagradou a Lula. Até ontem a tendência era que fosse indicada para uma terceira pasta. Roseana, que já respondeu sim a sondagens, disse à cúpula do PFL que sairá do partido se for oficializado o convite.
Problema: a expectativa de Sarney é que a filha receba um ministério com possibilidade de "fazer política" no Maranhão, onde o clã trava uma guerra contra o atual governador, José Reinaldo (PTB), que rompeu com a família Sarney depois de ter chegado ao posto com apoio dela.
Por "fazer política", leia-se: cargos e verbas que dêem cacife a Roseana para tentar voltar ao governo do Maranhão em 2006. A indicação de Roseana funcionaria ainda como compensação política a Sarney, que não conseguiu aprovar a emenda constitucional que permitiria a reeleição e que agora está fechado com Renan.
O líder do PMDB será presidente do Senado. Em contrapartida, o PMDB apoiará a eleição de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) para presidente da Câmara. Lula tem articulado pessoalmente a favor de Renan e de Greenhalgh para ter aliados em postos-chaves.
O encontro de Lula com peemedebistas faz parte de conversas decisivas para tentar concluir a reforma ministerial até a semana que vem. Com a reforma, deverá dar uma pasta com mais cargos e verbas ao PMDB. A tendência, porém, é o partido continuar com dois ministérios. Hoje, ele tem Comunicações e Previdência.
O PP também será integrado ao primeiro escalão. O nome indicado pelo partido é o do líder do PP na Câmara, Pedro Henry (MT). Ao ampliar o espaço do PMDB e integrar o PP ao ministério, Lula quer consolidar a idéia de governo de coalizão e solidificar desde já acordos partidários para apoiar a sua reeleição no ano que vem.
Para dar lugar aos aliados, Lula pretende tirar petistas do ministério. O presidente tem se mantido fechado nas conversas com ministros a respeito da reforma. Deixa pouca coisa escapar, mas manifesta angústia em relação à necessidade de demitir petistas.


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