São Paulo, terça, 12 de janeiro de 1999

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PAINEL

Fatura alta
Estimulada pelo Planalto, a reunião de governadores hoje em São Luís (MA) pode ser um tiro pela culatra. Todos condenam a atitude de Itamar, mas esperam se habilitar a mais benesses de FHC. "Isso ainda vai sair mais caro do que a moratória mineira", diz um ministro.
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Toma lá, dá cá
É intenção de alguns governadores exigir hoje, na reunião de São Luís, relacionamento mais estreito entre o governo federal e os Estados. Lerner (PR), por exemplo, quer ser consultado sobre medidas que gerem consequências como o desemprego.
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Aliado oculto
De uma raposa política, sobre a reunião de hoje dos governadores governistas: "De público, vão fazer cara feia para Itamar, mas, no fundo, estão adorando o que ele fez, comprando uma briga que interessa a todos eles".

Tirou o time
O PMDB saltou fora da barca de Itamar Franco. O partido acha que já fez o que estava ao seu alcance ao arrancar de FHC o compromisso de receber o governador mineiro. A bola agora está com Itamar, que não revela interesse nenhum na conversa.
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Interlocução virtual
A intermediação do PMDB entre FHC e Itamar esteve desde o início fadada ao fracasso. As conversas sempre foram com Henrique Hargreaves, nunca diretamente com Itamar. E ninguém no partido sabe aonde o governador quer chegar.
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Não custa tentar
O petista Olívio Dutra (RS) convidou Jaime Lerner (PR) para a reunião dos governadores da oposição em Belo Horizonte. O pefelista recusou. Faz parte da turma de Roseana Sarney, que se encontra hoje em São Luís.

Para as calendas
Legalmente extinto, o Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), acusado de fazer poços em terras de políticos, ganhou uma sobrevida de seis meses. Enquanto se discute o que fazer com ele mais tarde.

Perigo de vaia
Não foi para deixar de prestigiar Covas que FHC resolveu não ir à sua posse no governo paulista anteontem. Foi por temer a acolhida que receberia dos tucanos paulistas, que se consideram desprezados pelo presidente.

Engoliu a seco
Malan (Fazenda) almoçou ontem com Pedro Parente e Emílio Carazzai, selando a nomeação do pernambucano para a Caixa. É uma vitória de Marco Maciel e a primeira derrota de Malan na composição do governo. Clóvis Carvalho continua invicto.

Atuação limitada
A Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) deve continuar um bom tempo a reboque dos Procons. A lei que cria o quadro de funcionários (fiscais, entre eles) do órgão ainda não chegou ao Congresso.

Metas descumpridas
A lei que criou a Anatel previa que o governo enviasse ao Congresso dois projetos de lei criando o fundo de universalização do serviço telefônico e o de pesquisa tecnológica. O prazo expirou no final de 97, e até agora nada.

Operação tartaruga
Se depender das assessorias parlamentares dos antigos ministérios militares, o projeto de criação do Ministério da Defesa fica mais algum tempo no papel. O Planalto detectou que elas estão fazendo corpo mole.

Mendonção recebe
Depois da posse de Covas, a festa continuou na casa do ex-ministro Mendonção (Comunicações). O anfitrião foi prestigiado com o apoio de tucanos de outros Estados favoráveis à sua volta ao governo. A romaria foi liderada pelo senador eleito Paulo Hartung (PSDB-ES).

Buscando saídas
Apesar da crise, alguns Estados vêem espaço para aumentar a arrecadação. No MS, por exemplo, a coleta de ICMS em dezembro foi de R$ 44 mi. Com um aperto na fiscalização e algumas portarias, a expectativa é arrecadar mais de R$ 55 mi neste mês.

TIROTEIO


Do ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega (governo Sarney), sobre a polêmica entre o governo de Minas Gerais e o Palácio do Planalto, por causa da moratória estadual:
-O Itamar é um governador com os pés no chão. Com os quatro.

CONTRAPONTO
Esperteza paulistana
Armando Puglisi, mais conhecido como Armandinho do Bexiga, foi um famoso líder comunitário paulistano.
Além de dono de restaurante e animador cultural, Armandinho fazia as vezes de cabo eleitoral para vereadores amigos.
A ele é atribuído um truque considerado infalível para obter votos.
Na década de 60, Armandinho comprava o "Diário Oficial" do Município e anotava as ruas que seriam asfaltadas em breve.
Em seguida, ia até o local e levava instrumentos de medição usados por engenheiros.
Em minutos, curiosos, os moradores se aglomeravam em torno dele, fazendo perguntas.
A resposta era sempre igual:
- Sou da parte do vereador tal. Estou verificando a possibilidade de asfaltar a rua.
Os olhos dos moradores brilhavam. Depois, era só passar um abaixo-assinado para dar realismo à história. E voltar com o político, para colher os votos.

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