São Paulo, terça, 12 de janeiro de 1999

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CRIME
Deputado e pistoleiro devem depor
Acareação poderá acontecer amanhã

e da Agência Folha, em Maceió

O pistoleiro Maurício Novaes -o "Chapéu de Couro"- e o deputado Talvane Albuquerque (AL), suspeito de ser o mandante do assassinato da deputada Ceci Cunha (PSDB-AL), deverão prestar depoimento amanhã na comissão de sindicância da Câmara.
O corregedor da Câmara, Severino Cavalcanti (PPB-PE), disse que a acareação entre os dois só será feita se Albuquerque concordar.
"Eu vou convocá-lo. Se ele vem, não sei, não posso obrigá-lo", afirmou. Segundo Cavalcanti, o depoimento de "Chapéu de Couro" está confirmado.
A comissão de sindicância foi criada para investigar a suspeita de envolvimento de Albuquerque no assassinato da deputada, ocorrido no dia 16 de dezembro último, e num plano para matar o deputado Augusto Farias (PFL-AL).
Na semana passada, Farias entregou à Mesa da Câmara gravações de diálogos em que, segundo ele, Albuquerque e o pistoleiro acertam detalhes para matá-lo.
A comissão recebe hoje o laudo da Unicamp (Universidade de Campinas) sobre a autenticidade das fitas. Cavalcanti disse que, se for confirmado que a voz é de Albuquerque, a comissão de sindicância deverá pedir sua cassação por falta de decoro parlamentar.
Embora tenha confirmado que combinou com "Chapéu de Couro" a gravação das conversas, Farias não deverá ser investigado e, até ontem, nem o seu depoimento estava previsto.
Ainda nesta semana, a comissão pretende ouvir os dois assessores de Albuquerque que teriam participado do crime e são funcionários da Câmara: Jadielson Barbosa da Silva e Alécio César Alves Vaz.
Os dois e José Bezerra da Silva Júnior, coordenador da campanha de Albuquerque, estão foragidos e com prisão preventiva decretada.
Cavalcanti deu prazo até amanhã para que Albuquerque apresente os dois assessores que são funcionários da Câmara.
Os três hospitais de Albuquerque em Alagoas tiveram suas contas bloqueadas pela Justiça do Trabalho na semana passada.
O bloqueio foi determinado para o pagamento de R$ 105 mil em dívidas trabalhistas. Alguns dos 120 funcionários, segundo apurou a Agência Folha, estão há cinco meses sem receber salários.
Para conter a crise que já dura um ano, Albuquerque tem distribuído vales entre os funcionários. Os três hospitais do deputado são em Arapiraca (138 km de Maceió) e possuem convênios com o SUS (Sistema Único de Saúde).
A Agência Folha apurou que para quitar parte de uma dívida de R$ 800 mil com um agiota de Arapiraca, Albuquerque entregou a ele casa que possuía na cidade.
A mãe de Albuquerque, Diva, divulgou ontem carta de três páginas na qual diz que o filho é inocente. "Meu filho é vítima da saga de criminosos traiçoeiros, que posam de cordeiros, confiantes na impunidade e nas deficiências das instituições policiais", diz a carta.



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