São Paulo, sexta-feira, 12 de março de 2004

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REGIME MILITAR

Procura em Xambioá (TO) por covas de integrantes da guerrilha do Araguaia será retomada, diz secretaria

Buscas terminam sem encontrar ossadas

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

O grupo enviado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos a Xambioá (TO), a 487 km de Palmas, encerrou ontem, sem sucesso, os trabalhos iniciados na sexta-feira passada em busca de ossadas na região de participantes da guerrilha do Araguaia.
Nos próximos dias, os peritos devem entregar relatório sobre a expedição ao ministro Nilmário Miranda (Direitos Humanos).
A guerrilha foi um movimento armado de integrantes do PC do B que atuou, de 1972 a 1975, no Pará, no Tocantins e no Maranhão e foi derrotado pelas Forças Armadas da então ditadura militar.
Nenhuma ossada foi localizada durante o trabalho dos peritos em uma área que foi usada como base militar das Forças Armadas na época da guerrilha.
Dois geólogos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), três antropólogas argentinas, um geneticista, além de integrantes da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e familiares de ex-guerrilheiros estiveram em Xambioá desde a semana passada para as buscas.
A ida do grupo a Xambioá aconteceu depois de a revista "Época" revelar declarações de ex-soldados das Forças Armadas sobre possíveis locais onde estariam enterrados guerrilheiros.
Para o presidente da Eaaf (Equipe Argentina de Antropologia Forense), Luis Fondebrider, as buscas teriam mais chances de sucesso se os peritos tivessem passado mais tempo na região, conversando com moradores e investigando pistas.

Novas buscas
Suzana Lisboa, integrante da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, afirmou que não está descartada uma nova ida do grupo a Xambioá.
De acordo com ela, o que dificultou o trabalho de buscas a ossadas foi a falta de pontos de referência para se determinar exatamente onde ficaria a sede da base do Exército, o que, para a integrante da comissão, facilitaria a localização das covas.
"Tínhamos informações de que faríamos buscas em uma área de aproximadamente 30 metros quadrados, mas examinamos mais de 1.200 metros quadrados", disse Suzana Lisboa.
Por meio de uma nota divulgada à imprensa, o ministro Nilmário Miranda afirmou que será realizada, nas próximas semanas, uma reunião entre a Secretaria de Direitos Humanos e membros da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos para uma avaliação dos relatórios das atividades desenvolvidas em Xambioá.
De acordo com a nota, novas ações em busca de ossadas de guerrilheiros desaparecidos estão previstas na região de Xambioá.
Segundo o ministro, é importante, para a localização de covas no local, que a área seja preservada, a fim de que possa ser realizado um trabalho antropológico a longo prazo.


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