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REGIME MILITAR
Procura em Xambioá (TO) por covas de integrantes da guerrilha do Araguaia será retomada, diz secretaria
Buscas terminam sem encontrar ossadas
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
O grupo enviado pela Secretaria
Especial dos Direitos Humanos a
Xambioá (TO), a 487 km de Palmas, encerrou ontem, sem sucesso, os trabalhos iniciados na sexta-feira passada em busca de ossadas na região de participantes da
guerrilha do Araguaia.
Nos próximos dias, os peritos
devem entregar relatório sobre a
expedição ao ministro Nilmário
Miranda (Direitos Humanos).
A guerrilha foi um movimento
armado de integrantes do PC do B
que atuou, de 1972 a 1975, no Pará, no Tocantins e no Maranhão e
foi derrotado pelas Forças Armadas da então ditadura militar.
Nenhuma ossada foi localizada
durante o trabalho dos peritos em
uma área que foi usada como base
militar das Forças Armadas na
época da guerrilha.
Dois geólogos da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), três antropólogas argentinas, um geneticista, além de integrantes da Comissão de Mortos e
Desaparecidos Políticos e familiares de ex-guerrilheiros estiveram
em Xambioá desde a semana passada para as buscas.
A ida do grupo a Xambioá
aconteceu depois de a revista
"Época" revelar declarações de
ex-soldados das Forças Armadas
sobre possíveis locais onde estariam enterrados guerrilheiros.
Para o presidente da Eaaf (Equipe Argentina de Antropologia Forense), Luis Fondebrider, as buscas teriam mais chances de sucesso se os peritos tivessem passado
mais tempo na região, conversando com moradores e investigando
pistas.
Novas buscas
Suzana Lisboa, integrante da
Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, afirmou que não
está descartada uma nova ida do
grupo a Xambioá.
De acordo com ela, o que dificultou o trabalho de buscas a ossadas foi a falta de pontos de referência para se determinar exatamente onde ficaria a sede da base
do Exército, o que, para a integrante da comissão, facilitaria a
localização das covas.
"Tínhamos informações de que
faríamos buscas em uma área de
aproximadamente 30 metros
quadrados, mas examinamos
mais de 1.200 metros quadrados",
disse Suzana Lisboa.
Por meio de uma nota divulgada à imprensa, o ministro Nilmário Miranda afirmou que será realizada, nas próximas semanas,
uma reunião entre a Secretaria de
Direitos Humanos e membros da
Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos para uma avaliação dos relatórios das atividades
desenvolvidas em Xambioá.
De acordo com a nota, novas
ações em busca de ossadas de
guerrilheiros desaparecidos estão
previstas na região de Xambioá.
Segundo o ministro, é importante, para a localização de covas
no local, que a área seja preservada, a fim de que possa ser realizado um trabalho antropológico a
longo prazo.
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