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Relatório dos EUA critica corrupção no Brasil
Documento diz que "governo não implementou a lei efetivamente e funcionários se envolvem em corrupção impunemente"
Texto cita ainda a aceitação da denúncia do mensalão e as acusações contra Renan Calheiros; Planalto preferiu não comentar as afirmações
FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O Departamento de Estado
norte-americano criticou a impunidade em casos de corrupção por parte de membros do
governo brasileiro. Esse é um
dos temas do relatório de 2007
sobre a situação dos direitos
humanos no Brasil e no mundo,
que foi divulgado ontem.
O texto, que é anual, cita a absolvição do ex-presidente do
Senado Renan Calheiros
(PMDB-AL), a aceitação da denúncia do mensalão, a repatriação dos boxeadores Guillermo
Rigondeaux e Erislandy Lara e
a prisão de uma adolescente
com homens no Pará.
Quando o tema é corrupção,
o relatório fala de "relutância" e
"ineficiência em processar"
funcionários do governo. "A lei
garante penalizações criminais
para corrupção, mas o governo
não implementou a lei efetivamente e funcionários freqüentemente se envolvem em atos
de corrupção impunemente",
diz um trecho sobre o Brasil.
O Palácio do Planalto não comentou o relatório após ter sido informado pela reportagem
sobre o teor do documento.
O relatório lembra que o Supremo Tribunal Federal recebeu a denúncia sobre o mensalão. "Entre os réus estão ex-membros do governo, ex e
atuais deputados e líderes de
partidos políticos acusados de
pagamentos ilegais a parlamentares em troca de apoio aos
projetos do governo."
Sobre a saída de Renan da
presidência do Senado, diz que
ele enfrentou várias acusações
de "condutas impróprias".
"Outras acusações que poderiam ter levado à sua cassação e
perda de direitos políticos foram retiradas posteriormente",
diz um trecho.
Sobre o caso dos dois boxeadores cubanos que foram enviados de volta ao seu país, o relatório lembra que a "ONG Human Rights Watch alegou que o
governo não tomou providências suficientes para garantir
que fosse oferecido aos dois
atletas proteções legais".
Mas também escreve que o
governo brasileiro "repetidamente alegou que os dois negaram a oferta de asilo".
As transferências de recursos
para ONGs também são citadas. Os norte-americanos lembram que foram R$ 3 bilhões
em 2006, mas que cálculos
mostraram que "quase metade
dos fundos não chegaram às
ONGs por conta da corrupção".
Violência policial
O documento diz que "o governo ou os seus agentes não
cometeram assassinatos motivados politicamente, mas as
mortes ilegais por parte de polícias nos Estados foram generalizadas". São citadas "força excessiva, surras, abusos e torturas". O relatório também diz
que "as condições de trabalho e
os baixos salários para os carcereiros encorajam corrupção".
Sobre as prisões, afirma que
"Rio e São Paulo possuem prisões exclusivas para mulheres",
enquanto em outros Estados
"mulheres ficaram presas com
homens". "No Pará, uma menina de 15 anos foi mantida por
um mês em uma cela com pelo
menos 20 homens, que repetidamente abusaram sexualmente dela."
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