São Paulo, quarta-feira, 12 de maio de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Ex-prefeito manobra em Brasília contra suspensão do PP e anuncia entrada na disputa em ato com deputados

Maluf se lança candidato à prefeitura na 2ª

FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DE BRASIL

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-prefeito Paulo Maluf (PP) lança na próxima segunda-feira sua candidatura à sucessão de Marta Suplicy (PT) em São Paulo. A decisão de concorrer à prefeitura foi tomada ontem em Brasília, após reunião com deputados federais e membros do partido.
Segundo a Folha apurou, o anúncio será feito na sede do PP em São Paulo e deve contar com a presença de parlamentares da legenda. O candidato quer transformar a ocasião num ato de desagravo, após ter sido ameaçado de ter seu nome suspenso do PP.
Com o ex-prefeito no páreo e a decisão do tucano José Serra de disputar a eleição, ficam definidas as três candidaturas que lideram as pesquisas de opinião em São Paulo. Segundo o último Datafolha, divulgado no final de março, Maluf tem 24%, Serra, 22%, e Marta, 17% -dentro de uma margem de erro de três pontos percentuais para mais ou menos.
Maluf conseguiu ontem em Brasília sufocar a articulação de dirigentes do partido que queriam a sua desvinculação da legenda, o que o tornaria inelegível.
Pressionado, foi à Brasília se defender perante a bancada, que controla a Executiva Nacional.
Na última sexta-feira, foram divulgados documentos que evidenciam a abertura de contas bancárias pelo ex-prefeito no exterior, o que aumenta a suspeita de que tenha movimentado grandes quantias de maneira ilegal. Ele sempre negou ter dinheiro ou contas bancárias fora do país.
O encontro de ontem, previsto para acontecer no Congresso Nacional com toda a bancada de 53 deputados federais, acabou sendo reduzido a um almoço com nove integrantes da cúpula da legenda.
Segundo relato de deputados presentes ao encontro, Maluf negou todas as acusações que pesam contra ele, atribuindo-as a interesses eleitorais. O ex-prefeito apresentou aos deputados cópia de procuração registrada em cartório na qual afirma que dá àquele que encontrar recursos seus no exterior a posse do dinheiro.
No final, ficou decidido que cabe ao PP paulistano, onde Maluf tem poder, discutir a questão.

Suspensão
"Não vamos agir em clima de prejulgamento ou de especulação", afirmou o líder da bancada, Pedro Henry (MT).
Desde a sexta-feira, integrantes do PP que se opõem a Maluf viram nas notícias da suposta conta dele no exterior a chance de tirar o ex-prefeito da disputa em São Paulo e emplacar a candidatura do deputado federal Celso Russomanno (SP) ou de apoiar o PSDB.
O presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), deu entrevista à Folha, no último domingo, dizendo que Henry e Russomanno haviam apresentado requerimento para suspensão de Maluf e que o pedido iria a voto na reunião de hoje da Executiva Nacional.
Depois de tomar conhecimento da posição do presidente de seu partido, o ex-prefeito disparou telefonemas aos deputados federais da legenda para pedir apoio.
"Não existe nenhuma denúncia formal, a decisão da bancada e da Executiva é que cabe a São Paulo tratar da questão", afirmou Corrêa, que já havia recuado de sua posição anteontem. De acordo com o presidente do PP, só será votado hoje pedido de suspensão de Maluf caso algum deputado apresente o requerimento.
A reunião de ontem da bancada do partido, na Câmara dos Deputados, que acabou não contando com a presença do ex-prefeito, mostrou divisão. Dos 11 que se manifestaram sobre as acusações contra Maluf, seis o defenderam e cinco pediram investigação.
Integrantes do PP argumentam que o ex-prefeito conseguiu fôlego extra devido ao fato de que, se a legenda inviabilizasse agora sua candidatura, podia se enfraquecer na negociação para uma composição que pode fazer no futuro com outros partidos.


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