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ELEIÇÕES 2004
Ex-prefeito manobra em Brasília contra suspensão do PP e anuncia entrada na disputa em ato com deputados
Maluf se lança candidato à prefeitura na 2ª
FERNANDO DE BARROS E SILVA
EDITOR DE BRASIL
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ex-prefeito Paulo Maluf (PP)
lança na próxima segunda-feira
sua candidatura à sucessão de
Marta Suplicy (PT) em São Paulo.
A decisão de concorrer à prefeitura foi tomada ontem em Brasília,
após reunião com deputados federais e membros do partido.
Segundo a Folha apurou, o
anúncio será feito na sede do PP
em São Paulo e deve contar com a
presença de parlamentares da legenda. O candidato quer transformar a ocasião num ato de desagravo, após ter sido ameaçado de
ter seu nome suspenso do PP.
Com o ex-prefeito no páreo e a
decisão do tucano José Serra de
disputar a eleição, ficam definidas
as três candidaturas que lideram
as pesquisas de opinião em São
Paulo. Segundo o último Datafolha, divulgado no final de março,
Maluf tem 24%, Serra, 22%, e
Marta, 17% -dentro de uma
margem de erro de três pontos
percentuais para mais ou menos.
Maluf conseguiu ontem em
Brasília sufocar a articulação de
dirigentes do partido que queriam a sua desvinculação da legenda, o que o tornaria inelegível.
Pressionado, foi à Brasília se defender perante a bancada, que
controla a Executiva Nacional.
Na última sexta-feira, foram divulgados documentos que evidenciam a abertura de contas
bancárias pelo ex-prefeito no exterior, o que aumenta a suspeita
de que tenha movimentado grandes quantias de maneira ilegal. Ele
sempre negou ter dinheiro ou
contas bancárias fora do país.
O encontro de ontem, previsto
para acontecer no Congresso Nacional com toda a bancada de 53
deputados federais, acabou sendo
reduzido a um almoço com nove
integrantes da cúpula da legenda.
Segundo relato de deputados
presentes ao encontro, Maluf negou todas as acusações que pesam
contra ele, atribuindo-as a interesses eleitorais. O ex-prefeito
apresentou aos deputados cópia
de procuração registrada em cartório na qual afirma que dá àquele
que encontrar recursos seus no
exterior a posse do dinheiro.
No final, ficou decidido que cabe ao PP paulistano, onde Maluf
tem poder, discutir a questão.
Suspensão
"Não vamos agir em clima de
prejulgamento ou de especulação", afirmou o líder da bancada,
Pedro Henry (MT).
Desde a sexta-feira, integrantes
do PP que se opõem a Maluf viram nas notícias da suposta conta
dele no exterior a chance de tirar o
ex-prefeito da disputa em São
Paulo e emplacar a candidatura
do deputado federal Celso Russomanno (SP) ou de apoiar o PSDB.
O presidente do PP, deputado
Pedro Corrêa (PE), deu entrevista
à Folha, no último domingo, dizendo que Henry e Russomanno
haviam apresentado requerimento para suspensão de Maluf e que
o pedido iria a voto na reunião de
hoje da Executiva Nacional.
Depois de tomar conhecimento
da posição do presidente de seu
partido, o ex-prefeito disparou telefonemas aos deputados federais
da legenda para pedir apoio.
"Não existe nenhuma denúncia
formal, a decisão da bancada e da
Executiva é que cabe a São Paulo
tratar da questão", afirmou Corrêa, que já havia recuado de sua
posição anteontem. De acordo
com o presidente do PP, só será
votado hoje pedido de suspensão
de Maluf caso algum deputado
apresente o requerimento.
A reunião de ontem da bancada
do partido, na Câmara dos Deputados, que acabou não contando
com a presença do ex-prefeito,
mostrou divisão. Dos 11 que se
manifestaram sobre as acusações
contra Maluf, seis o defenderam e
cinco pediram investigação.
Integrantes do PP argumentam
que o ex-prefeito conseguiu fôlego extra devido ao fato de que, se a
legenda inviabilizasse agora sua
candidatura, podia se enfraquecer
na negociação para uma composição que pode fazer no futuro
com outros partidos.
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