São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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PT negocia dívida de R$ 300 mil com advogados

DA REPORTAGEM LOCAL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PT tentará quitar, a partir deste mês, parte da dívida de R$ 300 mil do partido com o escritório de advocacia Malheiros Filho, Camargo Lima e Rahal Advogados. O secretário de Finanças do PT, Paulo Ferreira, disse que recebeu um diretor administrativo do escritório e o partido analisa proposta de pagamento para evitar execução judicial.
O advogado Arnaldo Malheiros Filho foi contratado em 1º de julho de 2005 para defender o ex-tesoureiro da legenda Delúbio Soares e o ex-secretário-geral Sílvio Pereira. O ex-presidente do PT José Genoino disse que pagará os honorários de seu advogado, Luiz Fernando Pacheco, que confirmou haver "a idéia de que o PT arcasse com as despesas". Devido às dificuldades financeiras do partido, o escritório fez um acerto particular com Genoino.
O PT, segundo Ferreira, só pagou a defesa de Silvio Pereira e Delúbio. Todos os ex-dirigentes petistas envolvidos na crise política são defendidos por escritórios de advocacia famosos e conceituados de São Paulo.
O contrato com Malheiros, conforme informou o PT, tinha duração até 20 de setembro de 2005. O partido nega que após essa data também seja responsável pelo pagamento dos honorários.
À CPI dos Bingos Silvio Pereira disse que o PT ainda pagava sua defesa. "Eles (Pereira e Delúbio) eram dirigentes do PT na época e precisavam de defesa jurídica. Depois Silvio Pereira se desfiliou e Delúbio foi expulso." Ferreira explica que a partir do desligamento de ambos do PT não se justificaria o pagamento de advogados, mas havia um contrato. O ex-secretário tem agora novo advogado, Iberê Bandeira de Mello, que o acompanhou à CPI dos Bingos.
O advogado Arnaldo Malheiros Filho disse que o relacionamento do escritório de advocacia com seus clientes "é de natureza estritamente particular e sigilosa".
O ex-secretário de comunicação do PT Marcelo Sereno contratou os advogados Roberto Podval e Beatriz Rizzo. A Folha procurou os advogados, mas ambos não ligaram de volta.
À Polícia Federal, em julho de 2005, Sílvio Pereira disse que não se sentia abandonado pelo partido, tanto que os custos com o advogado seriam pagos pelo PT. Então presidente do partido, Tarso Genro, inicialmente negou contrato com os advogados.

Caixa dois
Malheiros afirmou ontem desconhecer que a versão de caixa dois -apresentada por Delúbio e pelo publicitário Marcos Valério de Souza- tenha sido objeto de um acordo negociado, como afirmou Sílvio ao jornal "O Globo".
Delúbio e Valério explicaram que os milhões de reais que transitaram no valerioduto eram recursos de caixa dois destinados a campanhas eleitorais. Segundo Pereira, essa versão foi negociada e que uma das alternativas seria "derrubar a República".
"Negociação? (...) Não tenho conhecimento disso", disse o advogado, que deixou de defender Sílvio Pereira por causa da entrevista. Malheiros continua defendendo Delúbio.


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