São Paulo, sexta-feira, 12 de maio de 2006

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Líderes exigem uma reação de Aldo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os líderes reagiram duramente à nova lista com nomes de deputados suspeitos de participar do esquema de desvio de verbas do Orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas. Em reunião, eles decidiram pressionar o presidente da Casa, Aldo Rebelo (PC do B-SP), a tomar uma atitude -fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e TV, devolver a lista à Justiça ou processar quem vazou a lista.
"A Mesa precisa tomar uma posição. Temos que ser enérgicos com os culpados, mas temos que ser igualmente enérgicos contra aqueles que acusam irresponsavelmente", disse o líder do PTB, José Múcio: "A gente só faz receber lista; se isso não parar nunca?"
"Se a Câmara fica genericamente sob suspeita, isso fere a todos. Acho necessário haver um pronunciamento da instituição", afirmou o líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que criticou o vazamento da lista à imprensa. Aldo estava ontem no Uruguai.
O líder do PT na Casa, Henrique Fontana (RS), comparou o vazamento à quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo Costa. Vários deputados disseram que pretendem processar a servidora e até a PF. O líder do PV, Edson Duarte (BA), declarou que foi incluído injustamente: "Apresentei emendas para ambulâncias, mas nenhuma delas foi comprada por prefeituras por meio da Planam".
"Desconheço qualquer razão para que meu nome conste nesta relação lista. Minha equipe e eu jamais sequer orientamos ou indicamos qualquer empresa de venda de unidades móveis de saúde às duas prefeituras que por nós receberam emendas", disse o deputado Julio Lopes (PP-RJ).
Foi uma quinta-feira inusitada no plenário. Os pronunciamentos típicos desse dia da semana, geralmente proferidos para poltronas vazias, deram lugar a atos e gestos dramáticos. Até o meio da tarde, 20 deputados já haviam ocupado a tribuna para se defender.
"O parlamentar também tem família, filhos, netos, pessoas que sofrem a cada denúncia divulgada pelos meios de comunicação. É preciso dar um basta nisso. Chega!", disse João Batista (PP-SP)
Chorando, o líder do PL, Luciano Castro (RR), expressou incredulidade com sua inclusão na lista: "Isso representa para mim um choque de indignação. Por que fizeram isso comigo?".
Na entrada do plenário, parlamentares se lamentavam. "Tudo ruim", disse Ann Pontes (PMDB-PA) ao responder a um "Como vai?" de Fernando Gabeira (PV-RJ). "Faço questão de assinar sua CPI", disse Ann, que chorou em plenário. Almir Moura (PL-RR) fez um discurso furioso: exigia providências contra o "Jornal da Câmara", órgão interno da Casa: "Publicaram a notícia de uma forma que nenhum jornal deste país teve coragem". Indignado, Ricarte de Freitas (PTB-MT) caçava jornalistas para dar sua versão: "Vim mostrar a vocês que não é minha voz nas gravações e nem conheço o prefeito que recebeu as ambulâncias", disse.


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