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Líderes exigem uma reação de Aldo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes reagiram duramente
à nova lista com nomes de deputados suspeitos de participar do
esquema de desvio de verbas do
Orçamento para compra de ambulâncias superfaturadas. Em
reunião, eles decidiram pressionar o presidente da Casa, Aldo
Rebelo (PC do B-SP), a tomar
uma atitude -fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e
TV, devolver a lista à Justiça ou
processar quem vazou a lista.
"A Mesa precisa tomar uma posição. Temos que ser enérgicos
com os culpados, mas temos que
ser igualmente enérgicos contra
aqueles que acusam irresponsavelmente", disse o líder do PTB,
José Múcio: "A gente só faz receber lista; se isso não parar nunca?"
"Se a Câmara fica genericamente sob suspeita, isso fere a todos.
Acho necessário haver um pronunciamento da instituição", afirmou o líder do governo, Arlindo
Chinaglia (PT-SP), que criticou o
vazamento da lista à imprensa.
Aldo estava ontem no Uruguai.
O líder do PT na Casa, Henrique
Fontana (RS), comparou o vazamento à quebra do sigilo bancário
do caseiro Francenildo Costa. Vários deputados disseram que pretendem processar a servidora e
até a PF. O líder do PV, Edson
Duarte (BA), declarou que foi incluído injustamente: "Apresentei
emendas para ambulâncias, mas
nenhuma delas foi comprada por
prefeituras por meio da Planam".
"Desconheço qualquer razão
para que meu nome conste nesta
relação lista. Minha equipe e eu
jamais sequer orientamos ou indicamos qualquer empresa de
venda de unidades móveis de saúde às duas prefeituras que por nós
receberam emendas", disse o deputado Julio Lopes (PP-RJ).
Foi uma quinta-feira inusitada
no plenário. Os pronunciamentos
típicos desse dia da semana, geralmente proferidos para poltronas
vazias, deram lugar a atos e gestos
dramáticos. Até o meio da tarde,
20 deputados já haviam ocupado
a tribuna para se defender.
"O parlamentar também tem
família, filhos, netos, pessoas que
sofrem a cada denúncia divulgada
pelos meios de comunicação. É
preciso dar um basta nisso. Chega!", disse João Batista (PP-SP)
Chorando, o líder do PL, Luciano Castro (RR), expressou incredulidade com sua inclusão na lista: "Isso representa para mim um
choque de indignação. Por que fizeram isso comigo?".
Na entrada do plenário, parlamentares se lamentavam. "Tudo
ruim", disse Ann Pontes (PMDB-PA) ao responder a um "Como
vai?" de Fernando Gabeira (PV-RJ). "Faço questão de assinar sua
CPI", disse Ann, que chorou em
plenário. Almir Moura (PL-RR)
fez um discurso furioso: exigia
providências contra o "Jornal da
Câmara", órgão interno da Casa:
"Publicaram a notícia de uma forma que nenhum jornal deste país
teve coragem". Indignado, Ricarte de Freitas (PTB-MT) caçava
jornalistas para dar sua versão:
"Vim mostrar a vocês que não é
minha voz nas gravações e nem
conheço o prefeito que recebeu as
ambulâncias", disse.
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