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JANIO DE FREITAS
Serjão esquecido
A morte de Sérgio Motta
produziu o seu primeiro efeito
político, ainda que parcialmente, na desistência da
pré-candidatura de Marcello
Alencar à reeleição.
Quando Marcello dividia-se
entre as várias hipóteses de
seu futuro, Sérgio Motta correu ao Rio para fazê-lo definir-se, com a promessa de
apoio consistente do governo,
pela busca da reeleição. O desagrado do PFL com a intervenção de Motta levou Fernando Henrique Cardoso a
propor a Marcello a composição com Cesar Maia, mas o
momento da proposta foi o
mais impróprio, quando os
dois trocavam desaforos agudos.
Na semana passada, Marcello foi a um encontro com
Fernando Henrique, que o vinha pressionando para desistir da reeleição. Logo em seguida, o marqueteiro contratado por Marcello, Duda
Mendonça, que citava pesquisas contrárias a todas as evidências e demais pesquisas,
foi conversar com Fernando
Henrique. Mas quinta-feira a
desistência já estava decidida.
Sérgio Motta considerava
essencial derrotar Cesar
Maia, para eliminar desde cedo esse óbvio pretendente à
Presidência da República.
Quem supôs que Luís Eduardo
Magalhães era o candidato
certo de Fernando Henrique
para 2002 não estava considerando as diretas e indiretas
que Sérgio Motta lançava, advertindo em direção contrária. Entre esses sinais, o lançamento da candidatura Covas,
por exemplo. E as evidências
de que sua alternativa, se impossível o terceiro mandato de
Fernando Henrique, era José
Serra.
Sem Sérgio Motta, Fernando
Henrique aderiu à tese pefelista de que o candidato a ser
batido é Anthony Garotinho.
E, para fazê-lo, seria indispensável evitar disputa de
Marcello e Cesar pelas mesmas faixas do eleitorado. E
Marcello reuniu recursos volumosos, arregimentou prefeitos, mas seu desempenho continuou inspirando tão pouca
confiança no eleitorado
quanto sua saúde. A importância de sua desistência é,
porém, quase nula: a polarização era inevitável, com ou
sem Marcello.
O que muda é uma certa
melhoria na relação de candidatos no infeliz Estado do
Rio.
Descaminho
Os dirigentes nacionais do
PT estão falando muito em
democracia interna, mas o
que há no momento não é
isso. É violação das normas
democráticas de um lado e de
outro, pelo grupo majoritário
no Rio e pelos defensores da
chapa Lula-Brizola.
Vladimir Palmeira e seus
apoiadores tinham pleno conhecimento de que a direção
nacional fez com Brizola um
acordo que envolvia, em troca
do apoio do PDT a Lula, o
apoio do PT fluminense ao
pedetista Anthony Garotinho.
Foi para satisfazer o grupo de
Vladimir que, em agosto de
97, o Encontro Nacional no
Rio precipitou a candidatura
de Lula, negando a apreciação democrática de outros
possíveis pretendentes. E Lula
já condicionava sua candidatura aos acordos que fizesse.
O grupo majoritário no Rio
desrespeitou esse entendimento no PT.
Já os dirigentes nacionais
vieram para a recente convenção fluminense propagando que qualquer resultado seria válido. Convencidos da vitória, não cuidaram de lembrar ao PT-RJ que aceitara as
condições de Lula. Derrotados, disseram que a convenção fluminense contrariou a
estratégia nacional, mas foi
tomada legitimamente.
Convenção estadual que
contraria estratégia nacional
não parece legítima. Se é, não
será legítimo o ato que a anule.
A candidatura de Lula nasceu erradamente, forçada e
vazia, e continua em sinuosidades que sugerem aos petistas a conveniência, não mais
de discuti-la, mas de discutir
o PT com a coragem de aceitar qualquer fim.
Ausência
A partir de amanhã, este espaço estará ocupado por textos mais proveitosos. Até a
volta e bom proveito -para
nós ambos.
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