São Paulo, terça, 12 de maio de 1998

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SUCESSÃO
Lula, Brizola e oposicionistas fazem ato hoje pelos 20 anos do início das greves do ABC em São Bernardo Campo
Radicais do PT querem rever privatizações

CARLOS EDUARDO ALVES
da Reportagem Local

Depois de perder uma batalha na tentativa de manter a candidatura de Vladimir Palmeira (PT) ao governo fluminense, a "esquerda" do PT prepara-se para outra queda-de-braço com Luiz Inácio Lula da Silva: quer incluir a moratória da dívida externa e a revisão das privatizações já feitas no programa que será defendido por Lula na campanha presidencial.
Lula reúne-se hoje em São Paulo com Leonel Brizola (PDT), Alexandre Cardoso (PSB) e João Amazonas (PC do B) para discutir, entre outros pontos, o cronograma da elaboração do programa de governo. Depois, os dirigentes vão participar em São Bernardo do Campo (SP) de ato, às 18h, em comemoração aos 20 anos da greve dos metalúrgicos do ABC, completados hoje.
Lula é contra a revisão das privatizações e a moratória. A "esquerda" petista quer incluir os pontos no programa durante a convenção nacional do partido, marcada para os dias 23 e 24 de maio.
"Vamos defender a revisão das privatizações e a suspensão do pagamento da dívida externa, embora a gente saiba que a direção do partido só queira discutir a questão do Rio", afirmou Valter Pomar, um dos vice-presidentes do PT e representante da "esquerda" na cúpula.
No último sábado, a maioria do Diretório Nacional do PT anulou o lançamento da candidatura de Palmeira ao governo fluminense, como exigia Lula.
O petista agora pode impor o apoio do PT a Anthony Garotinho (PDT) na sucessão do Rio, como exige Brizola para subir ao palanque de Lula na disputa presidencial.
Pomar não tem muita esperança de mudar a resolução sobre o Rio, embora o setor radical vá tentar a reversão e, para isso, já tenha entrado com recurso contra a decisão.
"Ficou difícil. Vamos depender de uma ação de massa visível no Rio ou de alguma trapalhada do Brizola", declarou Pomar.
Para o líder radical, a retirada de Palmeira foi uma "provocação" das correntes moderadas do partido. "Não quiseram negociar talvez porque queiram que a esquerda saia do partido", acha.
José Dirceu, presidente do PT, disse que a convenção do partido, deve ratificar o veto a Palmeira e, embora não descarte a discussão, afirmou que a convenção não é o local adequado para fechar o programa de governo de Lula.
"As diretrizes do programa já foram aprovadas no último encontro e não tem sentido discutir isso com 550 delegados."



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