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Ex-ministro diz que
ato testou abertura
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
Ministro do Trabalho entre 1974
e 79, Arnaldo Prieto, 78, revelou
ontem que os setores mais radicais
do governo Geisel quiseram "dar
porrada" nos grevistas da Scania.
"A greve foi um dos testes mais
duros do processo de abertura lenta, gradual e segura determinada
pelo presidente", afirmou.
Segundo Prieto, o "esquema de
segurança" do governo de São
Paulo estava pronto para agir no
caso de quebra-quebra. "Mas a
greve foi pacífica. Nós não intervimos no sindicato pelo desafio de
manter a abertura democrática."
Prieto evita falar os nomes dos
governistas que queriam a repressão à greve. Diz apenas que não
eram militares. "Estes obedeciam
à determinação do governo."
Amparado por uma legislação
trabalhista que praticamente impedia a possibilidade de greve, o
governo Geisel tentou manter por
todo o tempo o verniz da legalidade. A posição "legalista" de Prieto pode ser encontrada em suas
decisões tomadas durante a greve.
Nos primeiros dias da paralisação, ele afirmou que a legalidade
do movimento era "problema da
Justiça".
Quando o Tribunal Regional do
Trabalho de São Paulo julgou a
greve ilegal por 15 votos contra 1,
Prieto afirmou que a decisão deveria ser "respeitada", mas determinou que a Delegacia Regional
do Trabalho paulista continuasse
as negociações com os grevistas.
Durante a greve, ele surpreendeu ao apelar aos patrões que não
descontassem os dias parados dos
grevistas e ao defender reajustes
para que os salários "não perdessem o poder aquisitivo".
Fazendo um balanço do aniversário dos 20 anos da greve da Scania, Prieto lembra que recebia telefonema diários de Geisel. "Ele
determinou que eu mantivesse
aberto o canal de comunicação
com os trabalhadores e também a
paz social", diz, lembrando que,
enquanto ele foi ministro, não
houve prisões de sindicalistas.
Depois de deixar o ministério,
Prieto foi ministro do Tribunal de
Contas da União entre 79 e 82. Hoje, é diretor da Associação Brasileira das Entidades de Crédito
Imobiliário e Poupança.
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